É ou são? Cuidado. Trata-se do verbo ser. Com ele, ligue as antenas. O verbinho é complacente. Ora aceita uma forma, ora outra. Ora as duas. Especial, recebe tratamento diferenciado. Na concordância, a gramática reserva-lhe capítulo à parte.Hoje é 20 de agosto? Ou são 20 de agosto? Cem reais é muito? Ou são muito? É quase duas horas? Ou são quase duas horas? Dúvidas. Muitas dúvidas.
Jogo duplo
O verbo ser tem a cintura mais flexível do português. Nunca toma posição firme. Ora acha o sujeito simpático. Vai pro lado dele. Ora o predicativo o atrai mais. Eterno infiel, passa para o lado de lá.
Tudo é flores ou tudo são flores?
O verbo olha para as flores. Acha-as simpáticas, coloridas e cheirosas. Decide: Tudo são flores. Em outras horas, lembra-se do que aprendeu na escola (o verbo concorda com o sujeito). Muda de lado: Tudo é flores.
Qual a forma correta? Ambas. Com o ser, quase sempre as duas construções estão certas. Há apenas três casos em que ele é durão, inflexível.
Um
É uma hora. São três horas.
Na indicação de horas, o verbo só tem olhos para o predicativo. Concorda com o número que diz as horas: É meio-dia e meia. Seria uma hora da tarde. Eram umas 11 horas da noite.
Cuidado. Às vezes o número é antecedido por expressões que indicam aproximações. O verbo continua o mesmo: Seriam quase duas horas quando ele chegou. São cerca de seis horas de voo. Eram mais ou menos três horas quando o presidente fez o anúncio.
Dois
Um é pouco, dois é bom, três é demais.
Deu-se conta? As expressões de quantidade, medida, peso, valor, tempo — como é muito, é pouco, é suficiente, é caro, é barato — são invariáveis. Pretensiosas, não ligam para o sujeito. Com elas, só o singular: Dois mil reais é muito. Vinte quilos é suficiente. Dois minutos é muito tempo para quem está com dor de dente. Vinte reais é menos do que o produto vale.
Três
Eu é que digo. Nós é que sabemos.
A expressão é que recebe o nome de expletiva. Significa pode cair fora. Mantém-se invariável: As rosas (é que) são belas. Nós (é que) somos patriotas.
É isso.