Há pessoas que não controlam a compulsão por telefone celular e não conseguem passar uma hora, sequer, sem usá-lo, mesmo que estejam numa festa. O pior é que forçam os amigos ou amigas que estão ao seu lado a se desligarem da música que a orquestra está tocando, obrigando-os (as) a olhar, mesmo na penumbra, para o seu celular, e ver fotos dos seus familiares, coisas que só interessam a elas próprias. Quem está na festa para se divertir, de repente se torna refém do amigo (a), compulsivo (a), sendo obrigado a olhar fotos e tecer elogios, só por delicadeza.
O compulsivo por celular é o dono do pedaço. Para eles, prevalece a regra “os incomodados que se mudem”. O seu “semancol” não funciona e o egocentrismo lhe faz roubar as atenções de quem foi ali à procura de diversão. E ele (a) se torna um chato (a).
O chato também tem a mania de comentar acontecimentos vividos em viagens, com detalhes que somente a ele interessam. O ar de superioridade que ele ostenta, quando relata esses episódios, interessantes somente para ele, provoca, às vezes, irritação nas pessoas que o escutam, principalmente aquelas que não costumam viajar. Há quem não viaje por comodismo, por falta de dinheiro, ou por medo de avião ou navio.
Para esses, prevalece o ditado popular “Boa romaria faz, quem em sua casa está em paz.”
Entretanto, há também pessoas discretas, que viajam sempre, mas não gostam de propagar o que viram, e pessoas curiosas e chatas, que, quando sabem que alguém chegou de uma viagem, principalmente internacional, fazem mil perguntas e querem saber de todos os detalhes.
Pois bem. João Amaro, um homem de pouca conversa, havia chegado de uma viagem internacional e foi convidado para uma festa de Bodas de Ouro de um casal amigo. Ocupou uma mesa com a esposa, aguardando a chegada de outros amigos. Nesse ínterim, chegou à sua mesa um chato curioso, sentou-se e lhe cobriu de perguntas:
– É verdade que você foi à Paris? Com certeza, foi ao Museu do Louvre e viu a Mona Lisa; viu as mulheres lindas do Lido e do Moulan Rouge; deve ter visitado o Palácio de Versalhes, e passeou a pé pelo Bois de Bologne, ao cair da tarde. Deve ter jantado naqueles bistrôs de Saint-Germain ou nos restaurantes típicos de Montmartre.
João Amaro respirou fundo, cheio de tanta pergunta, e respondeu:
– Eu sou um homem pobre e fui a Paris, a serviço. Fiz refeições no hotel onde me hospedei. Não tive tempo para me divertir. Além do mais, em Paris é tudo muito caro. O senhor deve ser rico e deve ter estado lá a passeio, somente para fazer turismo e se divertir.
O chato curioso tomou a palavra:
– Realmente, a vida em Paris é caríssima!!! O Museu do Louvre, os Cabarés Lido e Moulin Rouge, os bistrôs de Saint Germain e Montmartre, o Palácio de Versalhes, é tudo belíssimo! Sonho todas as noites com a cidade-luz! Adoro Paris, mas nunca estive lá, pois meu dinheiro não dá para isso! Ai, quem me dera! Se eu pudesse e se meu dinheiro desse!!!