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Única companhia de Nathália Luna nos dias de quarentena, Minduim tem sido um alento para a dentista
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O distanciamento social ainda é a principal forma apontada por especialistas para combater o avanço do coronavírus. Com decretos e recomendações, muitos permanecem em casa e adiam os encontros com amigos e familiares. E é neste momento que os animais de estimação têm se mostrado mais importantes do que nunca. Se antes, eles já eram os amigos mais fiéis dos tutores, agora não é diferente. Em meio à quarentena, os pets tornam os dias de isolamento mais divertidos e ocupados.
Minduim, o dachshund da dentista Nathália Luna, 34 anos, é a única companhia dela nas últimas semanas. Com a quarentena, o cachorro ganhou a presença da tutora 24 horas por dia. “Ele está muito grudado em mim, dorme junto, fica se encostando.” Porém, não foi apenas Minduim que ganhou com a nova situação. Morando sozinha, Nathália garante que o animal deixa os dias de isolamento bem mais leves. “Ele tem evitado que eu fique maluca. É difícil ficar sozinha, sem conversar, sem abraçar. Pelo menos, eu posso abraçá-lo, apertá-lo, brincar”.
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Para Diego e Caroline Egídio, Fera tem sido essencial para manter a rotina de casa
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Com a advogada Danielle de Castro, 37, não é diferente. Ela até tem a companhia do marido, mas é o cachorro, Chico, quem deixa a rotina do home office mais tranquila. “Está sendo muito engraçado. É como se estivesse o conhecendo melhor. A demanda de trabalho é grande, mas ele me distrai um pouco”, conta. Danielle se diverte ao ver a rotina diária do cão de perto. “Quando a comida acaba, ele vai para o lado do armário e fica lá. Chico tem toda uma rotina, e eu não presenciava isso. Agora estou vendo, e isso me distrai”, ressalta.
A psicóloga Andréa Chaves explica que o humano é um ser de relações, e a presença dos animais diminuem a sensação de solidão causada pela quarentena. “O animal te tira dessa sensação de inércia, proporcionada pelo isolamento”, diz. Além disso, a distração e a responsabilidades que os pets trazem ajudam a controlar a ansiedade e o estresse causados pela ociosidade, segundo a psicóloga. Para Andréa, este é o momento de aproveitar a presença dos pets. “O isolamento social não precisa ser um distanciamento afetivo. Eu posso treinar meu afetos com os animais, e este período de quarentena é de fato para a gente desfrutar e alinhá-lo à nossa evolução, no sentido de valorizar a companhia do animal, da família ou de uma simples ida ao parque”, destaca.
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"Chico tem toda uma rotina, e eu não presenciava isso. Agora estou vendo, e isso me distrai"
Danielle de Castro, advogada
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Rotina
Outro benefício apontado pela especialista é em relação à rotina. Os animais demandam horários e tarefas, algo importante para o bem-estar das pessoas ociosas em casa. “O ser humano sente falta disso. O nosso cérebro precisa de um pouco de acomodação. Essa vida sem saber o que vai acontecer aumenta a nossa carga de estresse. Pensar em uma rotina, que é algo que os animais nos obrigam a fazer, é muito importante", ressalta a psicóloga.
A advogada Caroline Egídio, 29, por exemplo, é obrigada a ter uma programação com o yorkshire Fera. “Ele está sendo essencial para manter uma rotina. Em casa, a gente se perde um pouco, acaba dormindo muito. Com o animal, eu tenho obrigações com a alimentação e os banhos.” Além das tarefas com o pet, as brincadeiras têm contribuído para o bem-estar dela e do animal. “A gente diminuiu os passeios, então fico brincando para ele não acabar entediado, pois ele também é um ser vivo e precisa de atenção.”
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"O Scooby exige muita atenção, e estar dentro de casa com ele é diferente"
Eliane Raye, empresária
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Cuidados
A empresária Eliane Raye, 50, também tem visto os dias de quarentena ficarem mais leves com a presença de Scooby, sua única companhia durante o isolamento. Para ela, os momentos em casa aproximaram ainda mais os dois. “Eu nunca fiquei com ele o tempo todo. Eu saía de manhã e só voltava no fim da tarde”, justifica. Para ela, o animal está sendo seu conforto emocional. “O Scooby exige muita atenção, e estar dentro de casa com ele é diferente”, comenta. A tutora já está preocupada com o fim da quarentena. “Precisei ir à farmácia e, assim que saí, já ouvi os latidos dele”, conta.
A mudança na rotina dos donos também impacta na dos animais, segundo a veterinária Valéria Cunha. “Precisamos tomar cuidado, principalmente com o aumento de petiscos e guloseimas, que normalmente eram dados apenas no fim de semana. Em excesso, podem causar aumento de peso, problemas hepáticos ou alergias”, enfatiza.
Em relação ao retorno aos postos de trabalho e o consequente distanciamento dos animais após a quarentena, a dica é fazer algumas adaptações: “Para gatos, existem produtos como o feliway (versão sintética do ferormônio felino FR), que trazem sensação de segurança e bem-estar aos felinos. Com os cães, temos as opções de day care, onde eles podem gastar energia e socializar com outros cães”, orienta. Outra opção são os brinquedos interativos. Os objetos ocupam os pets na ausência dos donos.