Com o retorno dos impostos federais, os preços da gasolina comum e do etanol subiram. Mesmo com o etanol tendo um ajuste em uma escala menor, a dúvida que fica para o consumidor é se compensa abastecer com álcool. Para verificar qual produto vale a pena, é necessário analisar, no geral, se o preço do etanol é 30% inferior ao preço da gasolina. Com dados disponibilizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP), é possível observar que em apenas dois estados do Brasil vale a pena abastecer com álcool.
O economista Otto Nogami, professor do Insper, explicou que, mesmo com o cálculo, cada automóvel tem suas características. "O ideal é pegar o manual do seu carro e verificar essas relações entre etanol e gasolina e estabelecer o seu próprio parâmetro de decisão de abastecer com um ou outro combustível", observou.
Em questão de valores, a advogada tributarista do SGL, Eduarda Bolze explica que utilizando esse racional, com a gasolina a R$ 5,54 e o etanol a R$ 4,19, o etanol está 25% inferior ao preço da gasolina e, portanto, é menos vantajoso utilizar a gasolina. "É preciso destacar, ainda, que o consumo do automóvel deve ser levado em consideração", disse.
"Além disso, existem outros aspectos que fazem o preço do etanol e da gasolina variarem, como é o caso da região, valor do ICMS e preço da distribuidora. Mesmo que a incidência dos tributos federais seja a mesma, as referidas questões podem tornar um produto mais barato do que o outro", explicou Bolze. "Por exemplo, o etanol pode valer mais a pena em regiões próximas de usinas de açúcar, uma vez que o custo do deslocamento do produto até o consumidor é reduzido", exemplificou.
Segundo a advogada tributária, o diferencial para análise de vantagem de cada produto é o cenário apresentado pelo mercado. "Se de um lado a gasolina sofre impacto do preço do barril do petróleo no mercado internacional, o etanol é impactado pelo preço das usinas de açúcar. Se o usineiro passa a produzir menos etanol e foca na produção de outros derivados de açúcar, gera um desabastecimento no mercado interno e consequentemente, o produto fica mais caro", disse .
"No entanto, é importante lembrar que o consumo de um veículo é afetado pelo tipo de combustível usado, e o etanol tem um consumo mais elevado em relação à gasolina. Isso significa que, em alguns casos, mesmo que o preço do etanol seja mais barato que o da gasolina, a queima mais elevada pode tornar o uso de etanol menos econômico", pontuou Soares. "Em resumo, a escolha entre etanol e gasolina dependerá de vários fatores, como preço e disponibilidade. Quanto às políticas do governo em relação aos combustíveis sustentáveis, é provável que essas políticas evoluam à medida que o mercado de biocombustíveis e outros combustíveis sustentáveis se desenvolvam."
Entenda a reoneração
O governo anunciou no início do mês, as alíquotas para a reoneração parcial dos combustíveis com a incidência do PIS/Cofins (Programa de Integração Social/Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) e a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Com o fim da isenção dos tributos, desde 2 de março, o imposto sobre a gasolina teve alta de R$ 0,47 por litro, enquanto o do etanol subiu R$ 0,02.
Levando em consideração a redução de R$ 0,13 no litro da gasolina vendida nas refinarias, anunciada pela Petrobras mais cedo, o impacto final para o consumidor foi em torno de R$ 0,34 por litro, segundo o governo. A reoneração da gasolina e do etanol foi apenas parcial, já que, antes da MP de Bolsonaro, que foi prorrogada por Lula até ontem, os valores chegavam a R$ 0,69 e R$ 0,24, respectivamente.
Segundo o ministro, a intenção do governo é promover uma tributação maior sobre combustíveis fósseis, como a gasolina, em comparação com os renováveis, como o etanol, estimulando o uso de produtos mais sustentáveis. "Essa solução atendeu a um princípio ambiental. Nós estamos favorecendo o consumo de um combustível não fóssil, portanto, muito menos poluente do que a gasolina", declarou.