Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão quinta, 30 de julho de 2020

COM MIL MORTES POR DIA, POR QUE HÁ TANTOS INDIFERENTES EM RELAÇÃO AO CORONAVÍRUS?

 

Com mil mortes por dia, por que há tantos indiferentes em relação ao coronavírus?

Autodefesa, vontade de voltar à rotina normal e dificuldade de visualizar a tragédia são alguns dos motivos, dizem especialistas

José Maria Tomazela, O Estado de S.Paulo

30 de julho de 2020 | 05h00

 

O total de mortes diárias por covid-19 no País equivale à queda de três grandes aviões comerciais lotados, mas o número não choca mais. De norte a sul, brasileiros descumprem regras de isolamento social e voltam à rotina, em praias, restaurantes e festas, como se estivessem à margem da tragédia mundial. Embora a média oscile, o país está próximo de mil mortos por dia desde o começo de junho. 

 

Sepultamentos se tornaram rotina no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo
Sepultamentos se tornaram rotina no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo Foto: Werther Santana/Estadão

 

Conforme o site Our World in Data, que acompanha a pandemia em tempo real pelo mundo, o Brasil está na faixa das mil mortes diárias há seis semanas, desde meados de junho. Os Estados Unidos permaneceram nessa condição por oito semanas, a partir de meados de abril. Nenhum outro país ficou nesse patamar por tanto tempo. 

“É como se estivéssemos anestesiados frente ao grande número de mortes”, avalia o sociólogo Rodrigo Augusto Prando, da Universidade Mackenzie. “Depois de um período de crise, todos clamam pela volta do normal e, até como sentido de autodefesa, a pessoa para de olhar o número de mortes. Cansadas, tristes, chegam à conclusão de que a vida tem de seguir, daí o termo novo normal. Estamos vivendo a normalidade dentro da anormalidade”  

Para o psiquiatra Daniel Martins de Barros, professor da Universidade de São Paulo (USP) e colunista do Estadão, os brasileiros estão normalizando os óbitos. “Não estou minimizando as mortes por covid, mas todo dia no Brasil morrem mais de três mil pessoas por causas diversas. São 100 mil óbitos, mais ou menos, por mês no País. É normal que as pessoas morram. O susto da covid, o desespero que ela trazia, não era pelas mortes na sociedade”, aponta. “O grande susto era o jeito que as pessoas morriam, sem condições para serem atendidas por falta de vaga na UTI, então morriam dentro de casa. Era o medo porque aconteceu em alguns lugares de pessoas morrerem em casa, por medo de sair, porque não tinham assistência, etc.”

Poder da imagem. Para o filósofo Roberto Romano, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a pandemia realça a “tremenda ambivalência” humana. “Temos ao mesmo tempo gestos magnânimos, simpatias e heroísmo, mas também momentos de pequenez, egoísmo, autossatisfação com a maldade, o prazer em fazer o mal”, afirma. “Essa duplicidade depende muito das condições de comunicação, visualidade e proximidade do fato. Se um parente próximo estiver no Boeing que caiu, a reação é de consternação, tristeza e até de revolta. Quando o fato não está no campo visual, de percepção imediata, essa reação se torna cada vez mais tênue.”

No caso da pandemia, explica, a notícia das mil mortes é apenas um número. “Você não vê aquilo acontecendo, como os destroços de um Boeing, das Torres Gêmeas (atentado em Nova York, de 2001)”, exemplifica. 

Romano define a educação como elemento fundamental para que a sociedade reaja de forma evoluída mesmo diante de uma tragédia. “Se você é educado para reagir de maneira mais simpática, tende a rejeitar a criminalidade que está dentro de você. Como disse (o filósofo grego) Platão, temos de ensinar aos jovens a diferença entre a caça aos animais e ao ser humano. Se não tiver lei, educação e ciência, você está em estado da natureza, um devorando o outro.”

Situação no País, com dados do consórcio da imprensa e do ministério (recuperados)

Total de mortes : 90.188

Média móvel de mortes (7 dias): 1.043

Novos casos detectados em 24h, até 20h de quarta-feira, 29/7: 70.869

Novos registros de mortes em 24h, até 20h de quarta-feira, 29/7: 1.554

Total de testes positivos: 2.555.518

Número de recuperados*: 1.787.419

O Ministério da Saúde informou, no início da noite desta quarta-feira, que o Brasil contabilizou 1.595 óbitos e mais 69.074 pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Com isso, o total de óbitos é de 90.134 e 2.552.265 casos confirmados pelo coronavírus. O número é diferente do compilado pelo consórcio de veículos de imprensa principalmente por causa do horário de coleta dos dados.

Em média, grandes aviões comerciais levam até 300 pessoas, entre tripulação e passageiros. No último grande acidente aéreo no Brasil, em julho de 2007 - o avião da TAM que não conseguiu pousar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e bateu no prédio -, 199 pessoas morreram e houve comoção nacional. Por que paramos de nos chocar com número tão alto de perdas na pandemia? 
 

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