COBRADOR DE ÔNIBUS AFRODISÍACO
Paulo Azevedo
(Carta recebida de uma querida amiga, leitora desta minha coluna semanal aqui no Almanaque Raimundo Floriano)
Adoro cobrador de ônibus. Aquela camisa azul com o botão aberto na altura do Peito, aquela toalhinha na mão... Fico doida.
Tem uns garotões, gatinhos... Sempre tive tesão em cobrador, acho que começou no dia que vi o filme: A Dama da Lotação.
Moro longe do trabalho, sou uma mulher fogosa, gosto de exibicionismo, correr risco de ser pega fudendo.
Um dia, criei coragem. Peguei o ônibus na Central do Brasil, seria uma hora e vinte até o ponto final, na baixada. O cobrador era uma delícia, negro, forte, peito e braços musculosos; o motorista, um moreno jovial e mais discreto. Gostei do cobrador.
Sentei pertinho. Quando passei na roleta, fiz questão de segurar a mão dele quando devolveu o troco, ele riu... Ficamos trocando olhares. Vi que ele fez algum sinal para o motorista que, imediatamente, me olhou pelo retrovisor e riu.
Ficamos os três trocando olhares. Depois de uma hora e meia, chegamos no ponto final, só nós três no ônibus... Para, para, para! Hoje é quarta... Esse conto será para amanhã!