Em outra oportunidade afirmei que o ser humano por sua natureza gregária parece haver sido destinado à vivência em congregações, formando a sociedades, povos e nações.
Desde as sociedades primitivas, sobretudo as indígenas, se tem notícia de comunidades que vivem harmônicas, protegendo-se entre si sob códigos específicos.
Em momento algum, agricultores, industriários, comerciários e bancários, dentre muitas outras profissões modernas, deixaram de ter suas vistas voltadas para a interação de suas famílias através de associações.
Procuraram se juntar a esses grupos solidários entre si que foram formando culturas aprimoradas pela constante identificação dos objetivos sociais, esportivos e culturais, que se denominaram: Clubes Sociais.
Tudo isso reflete sinais de que a arte maior de nossas vidas não é ditada apenas pelas religiões, mas se constituem simplesmente o exercício da arte de conviver em harmonia.
A segunda metade dos anos 30, no Recife, foram pródigas na fundação de clubes sociais. Vivia-se aquela Recife ainda provinciana, como se ainda desejando ser a “Cidade Maurícia”.
Naqueles anos as pessoas eram avaliadas por sua inteligência e habilidades. Em nosso meio quase tudo estava por fazer. A modernidade viria muitas décadas à frente.
Jornal Pequeno, 9.07.1931. Coleção Pedro Salviano Filho
Mas, foi nessa época que foram surgindo, em maior quantidade, os idealistas, fundando clubes e criando soluções para que eles permanecessem por muitos anos em funcionamento.
Tais iniciativas buscavam proporcionar à população em geral meios de divertimentos sadios, e ao mesmo tempo, ampliar a cultura de seus descendentes.
O Satellite Club do Recife, que nem sede possuía, era uma agremiação fechada, formada por rapazes ligados ao Banco do Brasil, destinada apenas ao futebol e fez sucesso durante 10 anos até ser incorporada pela AABB em 1939.
Nesse tempo juntava-se com bancários para organizar campeonatos, participando da Liga Bancária de Futebol Amador de Pernambuco.
No Cajueiro, foi fundada a ACA – Associação Cajueirense de Atletismo, em Afogados o Atlético Clube de Amadores e o Motocolombó Esporte Clube; na Torre o JET – Juventude Esportiva da Torre, que viria a se transferir para o bairro dos Coelhos, alterando o nome de Jet Clube do Recife.
O Yolanda Futebol Clube, no bairro do Jiquiá, surgiu por iniciativa do inglês Harry Black, um dos donos da Cia. Fábrica Yolanda, que fez um campo para a prática do futebol e desenvolveu atividade social.
O América Futebol Clube foi outro grêmio que desenvolveu boa atividade dançante, mas se especializou em futebol. Sua sede era na Estrada do Arraial, em Casa Amarela.
Os recortes de jornais de 1930 nos falam que um dos organizadores do Satellite Club do Recife, era Lourenço da Fonseca Barbosa – Capiba – compositor, escritor, poeta, pintor e jogador de futebol.
A frequência e ampliação de tais iniciativas esportivas, culturais e sociais vieram possibilitar a criação de um “clube de verdade”, formado apenas por funcionários, que tomou o nome de Associação Atlética Banco do Brasil, instituição que se mantem em funcionamento pleno há mais de 80 anos, com um quadro de quase 4.000 associados e invejável patrimônio, situado no antigo Sítio dos Moreira, nas Graças.
Complexo esportivo-social da AABB, nas Graças