Lista reúne principais obras da escritora, cujo centenário é celebrado em 2020
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Em 2020, comemora-se o centenário da escritora brasileira de origem ucraniana Clarice Lispector. Uma das vozes mais celebradas da literatura nacional, a autora tem diversos livros importantes. Confira uma seleção dos 10 principais livros de sua obra:
Primeiro romance publicado por Lispector, ainda aos 19 anos, Perto do Coração Selvagem se destacou em meio ao ambiente literário brasileiro da época, muito marcado pela literatura regionalista e por obras realistas de cunho social. O livro narra a vida da protagonista Joana da infância à maturidade, trazendo conflitos mais íntimos e uma voz mais próxima das vanguardas literárias modernistas em termos de linguagem, como Virginia Woolf e James Joyce.
Outro romance da juventude de Clarice, O Lustre também emprega os artifícios que a consagraram na literatura brasileira, como o fluxo de consciência, a falta de um enredo linear, a prosa mais impressionista, que se preocupa mais com as percepções do que com as objetividades. Em meio a essa estrutura típica das obras de Clarice, O Lustre narra a vida de Virgínia, uma protagonista mórbida, para quem a morte se anuncia desde a infância.
Vencedora do prêmio Jabuti em 1961, essa coletânea de contos retrata pessoas comuns que vivem situações de epifania em seus cotidianos. Alguns dentre os 13 contos que compõem a obra já haviam sido publicados na imprensa, mas o conjunto das narrativas breves é que faz com que Clarice saia do terreno da ficção e adentre também o terreno da filosofia.
O início da década de 1960 marca um ponto culminante na obra de Lispector, com dois de seus romances mais maduros e mais preocupados com o tom existencialista. A Maçã no Escuro narra a história de Martim, que busca uma nova existência, refutando os valores defendidos por ele até então, após fugir da cena do assassinato de sua mulher.
G.H. é uma dona de casa, mãe e mulher de classe média que demite sua empregada e decide organizar o quarto onde a funcionária morava. Embora o cômodo esteja limpo, ela se depara com uma barata e aí surge uma das mais icônicas cenas da literatura brasileira. A Paixão Segundo G.H. pode ter uma trama banal na superfície, mas esconde muitas camadas sobre a questão da individualidade por baixo desse enredo.
Nesta obra, Clarice narra a história de amor entre Loreley (ou Lóri), filha de uma família abastada que sai do interior para viver no Rio de Janeiro, e Ulisses, professor de filosofia em uma Universidade. Eles se conhecem por acaso e dão início a uma relação pouco usual, mas de muita entrega. Do ponto de vista formal, a obra inova bastante na linguagem, tanto que começa com vírgula e termina com dois pontos.
Talvez um dos mais indefiníveis livros de Clarice Lispector, Água Viva não é (exatamente) um romance, nem uma coletânea de contos, tampouco uma obra de poemas ou de textos de não ficção. Elaborado a partir de crônicas publicadas na imprensa, o livro radicaliza a experiência de escrita da autora, tornando-se híbrido e sem um tema definido.
Nessa obra escrita por encomenda, Clarice Lispector antecipa o percurso de outra escritora fundamental, Hilda Hilst, ao romper as barreiras entre alta literatura e entretenimento, entre filosofia e sensualidade. Na obra de tom erótico, Lispector presta também homenagens formais a autores que desafiaram a moral (e o moralismo) por meio de sua escrita, como Nelson Rodrigues.
Último livro publicado em vida pela escritora e sua obra mais acessível, A Hora da Estrela pode ser lido em muitos níveis, o que o tornou tão popular a despeito do subtexto erudito. O livro narra a história de Macabéa, uma simples retirante que leva uma vida banal, mas descobre ser vítima de tuberculose. Ela tenta saber mais sobre seu futuro em uma cartomante, mas as previsões acabam não se concretizando.
Paralelamente à atividade de escritora, Clarice Lispector foi jornalista e publicou muitos textos na imprensa. A Descoberta do Mundo reúne crônicas escritas para o Jornal do Brasil de 1967 a 1973 sobre temas dos mais variados, de comentários sobre o noticiário até suas angústias e questões mais filosóficas.