CÍTARA
Alceu Wamosy
Firo-te as cordas, cítara dormente,
Velha cítara poenta, abandonada,
Que um régio artista fez vibrar, pulsada
Pela divina mão, antigamente.
E assim, por um instante despertada,
Na mesma vibração profunda e ardente
De outrora freme, cítara dolente,
Toda a tua alma, trêmula, acordada.
Nessa maviosa música embebido,
Escuto as notas, múrmuras, chegando
Como um coro celeste, ao meu ouvido.
E eu julgo, então, sentir, no derradeiro,
No último som que morre, a alma, chorando,
Desse que as cordas te tangeu primeiro.