Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão quinta, 24 de dezembro de 2020

CINEMATECA BRASILEIRA TEVE UM DE SEUS ANOS MAIS DIFÍCEIS EM 2020

 

 

Cinemateca Brasileira teve um dos seus anos mais difíceis em 2020

O que começou como atrasos de pagamentos por parte do governo federal se transformou em arma na guerra cultural

Guilherme Sobota, O Estado de S. Paulo

23 de dezembro de 2020 | 17h11

Cinemateca Brasileira, instituição que tem o dever de preservar e difundir o acervo audiovisual do Brasil, sofreu muito em 2020. O que começou com atrasos de pagamentos por parte do governo federal se transformou em arma na guerra cultural em curso, acentuada pela troca constante de secretários especiais da Cultura e por um longo período de indefinição por parte do Ministério do Turismo, que ainda não cumpriu a promessa — de agosto — de lançar um novo edital de gestão para a entidade.

Os sinais da crise já estavam presentes em maio, quando o presidente Bolsonaro demitiu Regina Duarte da Secretaria Especial e anunciou, ao lado da atriz, que ela iria passar a "fazer Cinemateca". O cargo anunciado não existia, pois quem administra a instituição é uma Organização Social definida em edital. No caso, a Associação Roquette Pinto (Acerp), que já na época reclamava dos atrasos nos repasses do governo federal, previstos em orçamento.

LEIA TAMBÉM

O que é a Cinemateca Brasileira?

O que é a Cinemateca Brasileira?

 

Cinemateca
Ato em julho já pedia por soluções para a Cinemateca Brasileira, que ainda passa por uma das maiores crises de sua história  Foto: Daniel Teixeira / Estadão
 

O que aconteceu foi que o contrato da Cinemateca (assinado pelo então ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão, durante o governo de Michel Temer) era vinculado a outro contrato que a Acerp mantinha com o governo, no Ministério da Educação, para a gestão da TV Escola. O então ministro Abraham Weintraub decidiu unilateralmente não renovar este vínculo, que se encerrava em 2019, e assim o acordo com a Cinemateca ficou num limbo.

A Acerp fez seus esforços para manter a instituição funcionando até agosto, quando, acompanhado de agentes da Polícia Federal, um membro da Secretaria Especial da Cultura foi até a instituição "pegar as chaves". Nesse dia o Ministério do Turismo, ao qual a Secretaria está vinculada, prometeu que em poucas semanas um novo contrato de gestão seria lançado, o que ainda não ocorreu.

A questão da Cinemateca envolve diversos fatores sensíveis, como a formação específica de seus funcionários (muitos há décadas na casa; todos foram demitidos nesse episódio de agosto), termos e acordos antigos assinados entre esferas diferentes de governo (municipal e federal, especialmente), e a necessidade de segurança especializada no local, para evitar acidentes, como um incêndio em 2016 (quando a instituição passava por outra crise) que levou mais de mil rolos de filmes.

O Ministério Público Federal ajuizou uma ação civil pública cobrando da Justiça um posicionamento no sentido de dar urgência à questão dentro do governo federal. Uma liminar decidiu por não dar esse encaminhamento, mas a ação ainda corre. 

No dia 17 de dezembro, uma carta assinada pelo movimento S.O.S. Cinemateca, apoiada por mais de cem produtores audiovisuais, foi entregue à Secretaria do Audiovisual. "Isso porque apesar das promessas do Secretário do Audiovisual, Bruno Côrtes, de que a Sociedade Amigos da Cinemateca seria contratada para executar um plano de trabalho emergencial de gestão do acervo, transcorridos 4 meses desde a entrega das chaves, a Cinemateca continua abandonada", diz um comunicado à imprensa. "A recente exoneração de mais um Ministro do Turismo e o infarto do Secretário da Cultura, Mário Frias, pressagiam mais imobilismo."

Veja aqui uma linha do tempo da Cinemateca Brasileira em 2020:

  • 20 de maio

Demissão de Regina Duarte e seu anúncio para a Cinemateca pega todo mundo de surpresa: instituição já estava mergulhada na crise, com risco de ter energia elétrica cortada por falta de pagamentos das contas de luz. 

  • 4 de junho

Manifestação em frente ao prédio, na Vila Mariana, pedia resolução do impasse na instituição. Em ofício enviado ao Governo Federal, a Acerp pedia esclarecimentos sobre questões ainda indefinidas, como os repasses atrasados. A sensação na Acerp, segundo fontes ouvidas pelo Estadão na época, é de que a Cinemateca chegou a esta situação de agora porque a Secretaria de Cultura está à deriva.

  • 18 de junho

Uma intervenção do vereador de São Paulo Gilberto Natalini (PV) apontou para a Enel (antiga Eletropaulo) sobre a importância da manutenção da energia elétrica na instituição. "Recomendo que a Cinemateca enquanto inadimplente não seja tratada como uma entidade ou empresa qualquer, as consequências culturais de um apagão energético seriam graves", dizia o ofício do vereador. A dívida da conta de luz se aproximava dos R$ 500 mil.

  • 15 de julho

O Ministério Público Federal ajuizava uma ação civil pública contra a União pedindo a renovação do contrato de gestão da Cinemateca Brasileira com a Associação Roquette Pinto, e o repasse imediato de R$ 12 milhões, recursos já previstos e alocados no orçamento. 

  • 3 de agosto

A Justiça Federal nega em caráter liminar o pedido do MPF em razão da "separação entre poderes", bem como da ausência da "urgência na decisão", conforme a Procuradoria apontava.

  • 7 de agosto

Representante do governo federal, acompanhado de agentes da Polícia Federal, chega à Cinemateca para “pegar as chaves”, um ato simbólico de transferência de responsabilidades.

presidente da Acerp, Francisco Câmpera, disse: 'Foi uma brutalidade eles virem para a Cinemateca com a Polícia Federal'.

O Ministério do Turismo, com extratos de dispensa de licitação publicados no Diário Oficial, destina verbas emergenciais à Cinemateca. Um deles de cerca de R$ 1 milhão para a Eletropaulo, por meio da concessionária ENEL Distribuidora São Paulo, para fornecimento de energia elétrica.

  • 13 de agosto

Todos os funcionários da Cinemateca, especialistas que trabalhavam na casa há anos, e em alguns casos, décadas, são demitidos.

  • 23 de novembro

Um decreto (10.548/2020) define que a Cinemateca será gerida pela Secretaria Nacional do Audiovisual, que pertence à Secretaria Especial da Cultura, ligada ao Ministério do Turismo, até 5 de outubro de 2021. Cargos em comissão do Ministério foram transferidos à instituição, mas ainda não preenchidos.


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros