A contemporaneidade dá o tom do longa nacional
Desemprego e crise são elementos sem representação no longa Real — O plano por trás da história. Pelos temas, há, sim, valor na fita do diretor Rodrigo Bittencourt. Por outro lado, músicas deslocadas e cenas constrangedoras levantam a bola para as risadas num filme que traz roteiro sem foco.
O economista Gustavo Franco (Emilio Orciollo Netto, bem em cena) é convocado para o governo de Itamar Franco (Bemvindo Sequeira, sem a medida do papel). Tem mais do que a hiperinflação para controlar, dado o antagonismo mantido com Pérsio Arida (Guilherme Weber).
A realidade dos preços em disparada, o desgoverno e a representação de personagens com ânimos acirrados trazem aguda contemporaneidade.
Cercado por figuras, como Fernando Henrique Cardoso (a cargo do ator Norival Rizzo), Gustavo Franco, no filme, se debate entre questões de acúmulo ou divisão de bens. Com discursos que reforçam o desabono à “esquerda esotérica” e criticam o desenvolvimento brasileiro, Real ganharia corpo em plano com maior sentido: o dos conceitos e das ideias a serem redigidas. Saber de ajustes fiscais e de planos de “dignidade ao brasileiro” não combinam com um produto isento.