Chega de saudade. Depois de ficar sem nenhum cinema de rua, Copacabana, que já foi um dos bairros com mais salas exibidoras na cidade — entre elas Rian, Roxy, Cinema 1, Condor, Ricarmar, Star Copacabana e Bruni Copacabana, para citar só algumas —, terá novamente uma telona para chamar de sua. Agora rebatizado como Cine Teatro Joia, o pequeno e tradicional Cine Joia reabre hoje com uma sessão gratuita de “Casablanca”, que inaugura a programação, agora dedicada apenas a títulos clássicos e cults, com ingressos a preços populares (R$ 15), além de espetáculos teatrais.
A volta é um alento não só para os cinéfilos — que ainda sofrem com o fechamento de outros cinemas de rua, como Ponto Cine, Odeon e Estação NET Ipanema —, mas também para os fãs de cultura em geral, que na semana passada lamentavam, nas redes sociais, a venda do Teatro do Leblon, que será transformado em igreja.
Por pouco, o Joia não teve o mesmo desfecho. Proprietário do espaço, comprado por sua família na década de 1970 e batizado com o nome de sua avó, o empresário Claudio Valansi não quer que o local tenha o destino do icônico Cine Paissandu, no Flamengo — que também pertencia a seus familiares e virou uma academia de ginástica.
Valansi conta que, desde a pandemia — quando o então locatário deixou o Joia após o rompimento de uma parceria com a Prefeitura do Rio que ajudava a manter o local de pé —, recebeu ofertas para transformar o espaço, no subsolo de uma galeria de Copacabana, em igreja, farmácia e até antiquário. Não aceitou, e passou a alugá-lo para atividades como cursos e peças.
Fácil, o novo responsável pelo espaço, o diretor teatral Bruno Muniz, sabe que não é, mas tem planos para driblar as dificuldades. Desde outubro do ano passado, ele aluga o Joia para apresentações de peças da companhia Celeiro da Arte, da qual é diretor e criador e que produz espetáculos voltados para crianças e para terceira idade. Não demorou para querer ocupar o espaço também com sua função original e, no último domingo, assumiu oficialmente o posto de administrador da casa.
As cadeiras coloridas do Cine Joia, em Copacabana, que volta a exibir filmes nesta quinta-feira, rebatizado de "Cine Teatro Joia" — Foto: Leo Martins / Agencia O Globo
— A ideia é transformar o Joia em um cinema de bairro e espaço multicultural. Para dar certo, queremos atrair e tornar fiel principalmente um público muito presente em Copacabana, que é o da terceira idade. A escolha por filmes clássicos e cults veio por isso. Queremos que o Joia volte a ser o que era há algumas décadas — conta Muniz, que fez pequenos reparos de manutenção na sala para voltar com as sessões.
Para isso, o dono do cinema tem atuado como uma espécie de padrinho.
— Vou ajudar como um articulador, ao fazer a interlocução com cineastas, documentaristas e museus, como a Cinemateca do MAM, de olho em novos projetos — explica Valansi.
Cine Teatro Joia. Av. Copacabana 680, subsolo. Cinema: Dia 4, às 20h30: “Casablanca” (grátis, com retirada de ingressos via Sympla). Dia 9: às 16h, “Clube da Luta”; às 19h, “Batman e o Cavaleiro das Trevas”. Dia 10: às 16h, “O poderoso chefão”. Dia 11: às 16h, “Cantando na chuva”. Dia 12; às 16h, “A noviça rebelde”; às 21h, “Psicose”. Quanto: R$ 15. Teatro: Dia 5: às 19h, “A Cartomante” (R$ 60). Dia 6: às 14h, “Robô Cleonildo e os Mautoristas” (R$ 50). Dias 6 e 7: às 17h, “A pequena sereia” (R$ 25).