José Luiz Calazans – O Jararaca – “Mamãe eu quero”
“TONGA DA MIRONGA DO CABULETÊ”
Durante a ditadura havia uma censura impertinente a certos compositores, entre eles Vinicius de Moraes. Sentindo a angústia do companheiro, Gesse, esposa baiana da época, o diverte, ensinando-lhe xingamentos em Nagô, entre eles “tonga da mironga do cabuletê”, que significa “o pêlo do cu da mãe”.
Com Toquinho, Vinícius compõe a canção com o mote anal, para apresentá-la num show no Teatro Castro Alves. Boa oportunidade de xingar os censores sem que eles compreendessem. O poeta ainda se divertia com tudo isso: “Garanto, no Departamento de Censura não tem um que saiba falar nagô”.
Abaixo, a letra da inspirada canção da dupla, Vinicius e Toquinho:
“Eu caio de bossa, eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa, xingando em nagô
Você que ouve e não fala
Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala,
Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê”
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“O MUNDO É UM MOINHO”
Cartola compôs uma das músicas mais bonitas do cancioneiro nacional quando percebeu sua filha caída na boemia desvairada.
“Ainda é cedo, amor, mal começaste a conhecer a vida
já anuncias a hora de partida, sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Presta atenção, querida, embora eu saiba que estás resolvida
em cada esquina cai um pouco a tua vida,
em pouco tempo não serás mais o que és.
Ouça-me bem, amor, presta atenção, o mundo é um moinho
vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai reduzir as ilusões a pó…”
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“MAMÃE EU QUERO”
Muita gente pensa que a música brasileira mais cantada no estrangeiro é Garota de Ipanema, na realidade é a música carnavalesca de Jararaca, Mamãe eu Quero. Jararaca, José Luiz Calazans, alagoano do Pilar, fazia a dupla mais conhecida nos anos 50, Jararaca e Ratinho. Certo dia Tom Jobim compôs com Jararaca essa beleza: “Ainda ontem eu vim de lá do Pilar… Ainda ontem eu vim de lá do Pilar…”. Que foi gravada por Djavan.
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“TOURADAS DE MADRID.”
Na Copa do Mundo de 1950, quase 200 mil pessoas assistiam ao jogo Brasil x Espanha no Maracanã, todos cantando: “Eu fui às touradas em Madri. E quase não volto mais aqui. Pra ver Peri beijar Ceci. Eu conheci uma espanhola natural da Catalunha; Queria que eu tocasse castanhola e pegasse touro à unha. Caramba! Caracoles! Sou do samba, Não me amola. Pro Brasil eu vou fugir! Isto é conversa mole para boi dormir.”
Final de jogo um homem sentado na arquibancada chorava feito um menino, um senhor foi consolá-lo afinal o Brasil ganhou de 7 x 0 da Espanha. Ele olhou para cima esclareceu ao senhor: “Não é pelo jogo que estou chorando, é pela música, fui eu quem fiz.” Era o grande compositor Braguinha, emocionado com todo Maracanã cantando sua música, ainda hoje tocada em todos os bailes de carnaval.
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“CARNAVAL ADIADO”
Em 1912 o herói, Barão do Rio Branco, faleceu dias antes do carnaval, as autoridades brasileiras, além de decretarem luto oficial, acharam que não era de bom tom que o povo saísse às ruas para brincar e cantar, adiaram o carnaval para o Sábado de Aleluia. Entretanto, os foliões preferiram divertir-se duas vezes, no carnaval e na aleluia, cantando uma musiquinha que dizia assim: “Com a morte do Barão/Tivemos dois carnavá/Ai que bom, ai que gostoso/Se morresse o marechá”. O marechal era o presidente Hermes da Fonseca.
Encontrei por acaso e adorei saber estas histórias de músicas que eu tanto cantei mesmo sem saber bem falar! Obrigada
Querida Ana, obrigado por seu comentário! Continue prestigiando nosso Almanaque! Um abraço! Raimundo Floriano