Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense quarta, 18 de maio de 2022

CIDADANIA: COM O ARTISTA CARLOS BRACHER, DEFICIENTES FAZEM OFICINA DE PINTURA

Com o artista Carlos Bracher, deficientes fazem oficina de pintura

O renomado mineiro Carlos Bracher participou, ontem, de uma oficina de pintura inclusiva com estudantes deficientes visuais e auditivos de escolas públicas do DF. Iniciativa foi na escola Kingdom School

NM
Nahima Maciel
EF
Eduardo Fernandes*
postado em 18/05/2022 06:00
 
O artista plástico Carlos Bracher ressalta que participar da iniciativa é uma oportunidade de trocas valiosas de experiências  -  (crédito:  Carlos Vieira/CB)
O artista plástico Carlos Bracher ressalta que participar da iniciativa é uma oportunidade de trocas valiosas de experiências - (crédito: Carlos Vieira/CB)

A arte é uma das formas de traduzir o mundo e refletir sobre a existência. Cerca de 80 alunos brasilienses cegos e surdos participaram, com o premiado pintor e artista plástico Carlos Bracher, de oficina de pintura e criaram suas próprias obras. Na manhã de ontem, os aprendizes homenagearam os 200 anos da Independência do Brasil em um quadro. À tarde, a reverência foi para a capital federal, em comemoração aos 62 anos de inauguração da cidade. O projeto contou com a colaboração da secretária de Educação do DF (SEEDF), professora Hélvia Paranaguá; da diretora da escola Kingdom School, Alice Simão; e do apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-DF).

 

Uma interação que inclui, ensina e traz conexão a todos que estão ao redor. Assim, é o pensamento do pintor mineiro Carlos Bracher, 82 anos, sobre a oficina de ontem. Apesar das passar por diversos países, ele garante que esse encontro foi um dos mais marcantes da carreira. "Um dos maiores momentos da minha vida é estar aqui. Estar com essas pessoas maravilhosas e fantásticas para aprendermos com elas", comenta.

 

 
  • Tatiane Miranda tem preferência por criar mosaicos e pinta há 3 anosFotos: Carlos Vieira/CB/D.A Press

  • Paulo Dutra, 54, mudou a relação com a arte após a oficinaCarlos Vieira/CB

  • 17/05/2022. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF Cidades - Oficina de pintura com alunos portadores deficiência visual e auditiva e presensa do artista plástico Carlos Bracher no Colégio Kingdon School. Na foto: Paulo DutraCarlos Vieira/CB

  • O artista plástico Carlos Bracher ressalta que participar da iniciativa é uma oportunidade de trocas valiosas de experiênciasCarlos Vieira/CB
 

O artista garante que a troca de experiências com cada um dos aprendizes é especial. Em um mundo ferido pelo ego e falta de empatia, ele repete diversas vezes o quão fundamental é levar o amor e a expressão artística como forma de integração e acessibilidade, além de promover a cultura para aqueles que não tiveram oportunidade. Amar a própria arte, para Bracher, é a maior revolução e a melhor forma de inclusão. Por isso, continuar levando as várias formas expressão para as escolas.

Essa alegria é sentida pelo Vitório Pereira, 59, que tem baixa visão. O estudante do Centro de Ensino Especial de Deficiências Visuais (CEEDV) comenta que a pintura é algo que pratica nas aulas e se tornou uma paixão. "Além de pintar, gosto de música", destaca Vitório, que deseja mais momentos como esse, para continuar demonstrando o amor pelo que faz.

Importância do trabalho

Subsecretária de Educação Inclusiva e Integral do DF, Vera Barros avalia que dar protagonismo aos estudantes portadores de alguma deficiência é um elemento fundamental para que o debate sobre políticas nacionais de inclusão tenha mais relevância. "A Legislação nós temos, o que precisamos é cumprir ela ao lado da sociedade", complementa.

A seleção dos 80 estudantes ocorreu por meio do Centro de Escola Bilíngue de Taguatinga, voltada para surdez, e do CEEDV, onde cerca de 40 alunos foram escolhidos. Discentes deficientes auditivos de uma escola de Ceilândia também participaram da oficina.

A diretora da Kingdom School, Alice Simão, responsável por ceder o espaço para a iniciativa, ressalta a necessidade de levar arte e amor, bem como incluir pessoas com algum tipo de deficiência no contexto cultural. "Para eles, é um momento ainda mais forte e especial, porque são pessoas com uma vida social limitada. Quem dirá artístico, quem dirá cultural", destaca. Para a escola, ela reafirma a alegria em disponibilizar o ambiente para projetos como este, que educam e dão esperança e motivos para continuar.

Deficiente auditiva e visual, Tatiane Miranda, 41, comenta alegre que faz artes plásticas há cerca de três anos. "Gosto de pintar mosaicos, lá na escola, eu estou fazendo as nuvens e a lua", conta a moradora de Sobradinho. Paulo Dutra, 54, é deficiente visual desde 2015, mas consegue enxergar algumas coisas, como tons de cores em determinados objetos. Apesar das dificuldades, o morador de Taguatinga revela que não tinha o costume de se envolver com artes. Agora, depois da oficina, o interesse mudou. "Pintei o Congresso Nacional de azul, verde e amarelo. Me senti muito feliz", confessa.

Homenagem

Carlos Bracher concebeu esculturas para homenagear amigos, como o escritor Affonso Romano Sant'Anna, mas nunca havia se dedicado a uma figura histórica. Agora, após uma conversa com o jornalista Silvestre Gorgulho, ele decidiu criar uma obra em homenagem ao engenheiro e calculista Joaquim Cardozo. A entrega do projeto será realizada hoje, mas Bracher prefere ainda não revelar os detalhes da obra. Será uma escultura, certamente. Possivelmente em bronze.

Para o artista mineiro, a homenagem é mais do que justa. "Não há uma homenagem ao Joaquim Cardozo e, sem ele, não existiria a obra física do Niemeyer", repara Bracher. "O Niemeyer era um louco maravilhoso e fazia obras impossíveis de serem construídas, daí chega esse pernambucano, poeta, escritor, dramaturgo e engenheiro e fez cálculos dificílimos de concreto."

O artista lembra que obras monumentais como as cúpulas do Congresso Nacional e as colunatas do Palácio do Alvorada tornaram-se símbolos da arquitetura moderna e de Brasília. "O sujeito que faz aquelas colunatas do Alvorada, aquilo tem 10 toneladas e vem apoiada num ponto. Joaquim Cardozo deu sustentabilidade técnica à obra do Niemeyer", garante.

Ainda não sabe se realizará uma escultura de corpo inteiro para homenagear o engenheiro ou se a obra terá outra forma. "Imaginei essa escultura nos últimos dias", diz. "A gente vai estudar ainda onde vai ser. Inicialmente, pensei em algo de corpo inteiro, mas evoluí a ideia para não ser de corpo inteiro." Ele lembra que Brasília tem, pelo menos, quatro esculturas públicas em homenagem a Juscelino Kubitschek, mas nenhuma dedicada a Oscar Niemeyer, Lucio Costa ou Israel Pinheiro. "É outro projeto que tenho, de homenagear os pioneiros", avisa.


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