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Ontem eu vi pelas redes sociais a queda de um casarão em Caicó. E lamentei. Eu lamentei.
E não compreendi como um ato igual aquele pode ser feito numa cidade pulsando cultura, cujo campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte oferece há várias décadas um curso de História. De História! E fico imaginando nas barbas de quantos Bacharéis em História aquele ato foi praticado.
Não questiono e nem argumento sobre a geração de empregos (eu serei sempre a favor da geração de postos de trabalho, e da criação de riquezas). Certamente será ali um ponto comercial.
Mas, há meios de se alcançar os objetivos de lucro preservando o patrimônio de uma cidade.
Em Assu, por exemplo, o grupo de Supermercado Queiroz, com sede em Mossoró, comprou de uma lapada só algumas casinhas e um velho teatro intencionando pôr tudo no chão.
Uma lei municipal impediu essa aberração. O resultado foi a fachada do teatro preservada e uma das frentes de supermercados mais bonitas do Brasil.
Então, por aquilo que assisti ontem nas redes sociais, nasceu a poesia abaixo:
CHORO E POEIRA
Seu doutor, não foi querela
Eu chorei foi por desgosto
Quando vi na mídia exposto
O caso da casa bela.
Uma máquina amarela
Um trator sem compaixão,
Tão frio, sem coração,
Sem passado, sem história,
Desprovido de memória
Botou a casa no chão.
Não sobrou sequer um vão
Um só, seu doutor, um só!
Menos lindo o Caicó
Ficou com a demolição.
Não quero argumentação
Com quem apaga o passado
Pois, um passado apagado
Faz se perder a riqueza
Da cultura, da beleza,
Da história e do legado.
Eu vi aquele sobrado
Sob a pá da escavadeira
Chorando um choro poeira
Por cada vão derrubado.
Era um choro abafado
Pela queda de um paço
Por cada baque do traço
Perdido da arquitetura
Poeira ganhando altura
E se perdendo no espaço.