Era sobrinho de Chico de Dedês, presepeiro, engraçado e mulherengo. Era gente dos Bernardos do Boi Velho.
Teria sido o sucessor do tio se não tivesse morrido ainda muito novo num estúpido acidente de carro onde ele dirigia, segundo contam, depois de tomar umas e outras num bar lá mesmo, há uns seis ou sete anos.
Apesar de ser considerado um cabra gente fina, Chico de Nêga não era exatamente aquele marido que todo pai e mãe de família gostariam de ter como genro.
Um dia chegou uma mulher na casa de Nêga para um particular:
– Nêga, eu tenho um negócio pra combinar contigo.
– Pois não, diga o que é.
– É o seguinte, fulana a minha filha, “se perdeu” com Chico teu filho e é por isso que eu vim aqui pra gente providenciar esse casamento antes que o povo comece a falar. Tu sabes como é esse povo daqui!
Nêga olhou pro chão, olhou pra rua e respondeu:
– Olha, fulana, a tua filha não tá “perdida” não, ela tá só “ariada”. Perdida mesmo ela vai ficar se inventar de casar com Chico…