O céu. Olhei hoje cedo, pela manhã, como sempre faço, e ele estava escuro. Carregado, como se diz lá no meu Crato distante. A gente diz que está bonito pra chover. Uma nuvem cinza e preguiçosa passeava, sem pressa, de cá pra lá, de lá pra cá, como que anunciando uma chuva. Além de cinza, preguiçosa e escondedeira do sol, a nuvem era também mentirosa: caiu um pinguinho só, um apenas, um pingo impostor, uma quase neblina fraquinha, insuficiente para amenizar o calor danado que abraçava a todos nós. Era apenas uma nuvem cinza. Flor que precisasse de água pra brotar morreria sem nascer. Isso foi de manhã, sol mal botado a cara de fora. Quem dera, agora à tarde, abram-se as comportas do céu e São Pedro, talvez com remorso, seja generoso deixando cair água muita. Tomara que assim seja, que o Sertão tão precisado também se molhe e que as ribançãs, de asas encharcadas, estejam de volta. A gente merece. Tomara que o mau tempo não demore a passar. A gente não merece.
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