CÉSAR
Olavo Bilac
Na ilha de Seine. O mar brame na costa bruta.
Gemem os bardos. Triste, o olhar por céus em fora
Uma druidisa alonga, e os astros mira, e chora
De pé, no limiar de tenebrosa gruta.
Abandonou-te o deus que a tua raça adora,
Pobre filha de Teut! César aí vem! Escuta
O passo das legiões! ouve o fragor da luta
E o alto e crebro clangor da bucina sonora!
Dos Alpes, sacudindo as asas de ouro ao vento,
As grandes águias sobre os domínios gauleses
Descem, escurecendo o azul do firmamento...
E já, do Interno mar ao mar Armoricano,
Retumba o entrechocar dos rútilos paveses
Que carregam a glória o imperador romano.