Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sexta, 25 de março de 2022

CEILÂNDIA: CIDADE DAS PRAÇAS

 

A cidade das praças: pontos de encontro oferecem lazer e cultura em Ceilândia

A região administrativa conta com aproximadamente 15 praças;o Correio percorreu as principais e mostra o que há de melhor em cada uma

AB
Aline Brito
postado em 25/03/2022 06:00
 
Praça do Cidadão, onde funciona o projeto Jovens de Expressão, em Ceilândia -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)
Praça do Cidadão, onde funciona o projeto Jovens de Expressão, em Ceilândia - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)

Na cidade do superlativo, o pouco não basta. Tudo em Ceilândia é grandioso: a arte, a cultura, o coração do povo ceilandense, a diversidade e, não menos importante, as praças. Um ou dois pontos de encontro não iriam traduzir o muito que o lugar representa. Por isso, a amada Cei é a região administrativa do Distrito Federal com mais praças espalhadas. São cerca de 100 locais distribuídos pelos mais de 230 km², onde a população pode descontrair, estudar, praticar esportes, trocar experiências e ter acesso a uma infinidade de possibilidades.

Praça da Bíblia, do Cidadão, do Trabalhador, dos Direitos, das Marias. Um misto daquilo que torna Ceilândia o que ela é, o cidadão, o povo trabalhador, as múltiplas religiões, as mais diversas Marias, a juventude. Muito mais que um “espaço público urbano livre de edificações”, como supõe o significado da palavra, as praças da cidade mais populosa de Brasília são o exemplo de que a Cei é para todos.

 De todos os pontos de encontro da cidade, o Correio selecionou os mais conhecidos e frequentados para ver de perto a relação dos moradores com o espaço. A reportagem ouviu histórias, conheceu projetos e pessoas, para mostrar o que há de melhor nelas.

 

Cincos principais praças de Ceilândia
Cincos principais praças de Ceilândia(foto: Valdo Virgo)

 

“Tem dois anos que se você passar aqui todos os dias, eu vou estar aqui. Sem exceção”. Essa é a rotina da bancária Thalita dos Santos, 29 anos, frequentadora da Praça do Trabalhador, na QNM 13. Ela comprou uma casa na Ceilândia Sul e adotou o local como ponto de encontro para ela e seus cachorros. A jovem criou um grupo no WhatsApp com outros moradores da região para, juntos, passearem com os animais de estimação.

Já são mais de 30 tutores de pets no grupo. Todos os dias eles marcam de ir à praça para que os peludos possam brincar e os humanos, socializar. “Eu comecei a vir primeiro, eu tinha ela e uma outra (cadela), mas a outra infelizmente foi atropelada, então eu passei a vir só com essa. Assim, começaram a vir outros cachorros e nós tutores decidimos fazer um grupo. Antes de sair para ir à praça, a gente sempre manda mensagem neste grupo e as pessoas se organizam para andar juntas”, contou a tutora da Cristal e da Lola.

 

Thalita e Lucimeire com seus pets, integrantes do grupo de WhatsApp organizado para passear na Praça do Trabalhador
Thalita e Lucimeire com seus pets, integrantes do grupo de WhatsApp organizado para passear na Praça do Trabalhador(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)

 

Da Bíblia

A Praça da Bíblia é a mais conhecida de Ceilândia e uma das mais famosas do DF. Inaugurada em 30 de novembro de 2007, no Dia do Evangélico, a ideia do ponto era ser um local para realização de eventos cristãos, que atendesse, principalmente, a comunidade evangélica da cidade. Por isso não foram instalados bancos, equipamentos para o lazer de crianças e adultos, ou até mesmo árvores. Mas, ao longo dos 15 anos de existência, o propósito do espaço acabou se perdendo, já que poucos eventos religiosos ocorreram.

 

Edvaldo Cirilo ( Negro Vatto ) membro do Grupo Samba na Comunidade, que costumava tocar na Praça da Bíblia.
Edvaldo Cirilo ( Negro Vatto ) membro do Grupo Samba na Comunidade, que costumava tocar na Praça da Bíblia.(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

 

Ele, praticamente um irmão gêmeo de Ceilândia, tem raízes na cidade e dedicou boa parte da vida à comunidade. Um mês depois da fundação da Região Administrativa, em 30 de abril, nasceu Edvaldo, que nunca mais abriu mão dos laços que criou com a Cei. “Vi a cidade crescendo e juntamente fui me formando, aqui estudei em escolas públicas, terminei o ensino médio por aqui mesmo e aos 20 anos de idade ingressei na Polícia Militar do DF, por onde trabalhei longos 30 anos”, contou o artista. Desses 30 anos como policial, 20 foram na Ceilândia, prestando serviço à comunidade. Agora, depois de aposentado, Negro Vatto ocupa o tempo com poesias, desenhos, e o Samba da Comunidade.

A primeira edição do Samba da Comunidade foi em 2014. A formação inicial dos sambistas que encabeçaram o projeto contou com a participação de Negro Vatto, Mirinho do Banjo, João Henrique, Michael Santos e Jonas Dias. Ao longo de seis anos, as rodas de samba organizadas pelo projeto disseminaram a cultura do samba de raiz para as localidades onde o ritmo não era conhecido. A repercussão foi tão grande que fez alguns dos maiores nomes do gênero musical desembarcarem na praça da Bíblia para presenciar a grandiosidade do samba ceilandense.

Por conta da pandemia da covid-19, que começou em 2020, o projeto teve que pausar os encontros. “A Praça da Bíblia é uma praça que é bem popular. Na praça acontecem inúmeros eventos culturais, mas por conta da pandemia, está parada. Lá funciona um comércio dos ambulantes, espetinho, macarrão do Karl Max, e outros. Eu às vezes passo pela praça e vejo o quanto está fazendo falta pra comunidade as atividades culturais”, lamenta Negro Vatto.

Mesmo com o relaxamento das medidas de segurança, os projetos na Praça da Bíblia ainda não retornaram. De acordo com o rapper Rafinha Bravoz, representante do Sarau-vá, que reunia cerca de 300 pessoas durante o saraus, as atividades de poesia no espaço devem retornar em breve. “O ideal é que no máximo em maio a gente recomece”, afirmou. Além disso, existe um projeto que será apresentado à Câmara Legislativa do DF (CLDF) ainda no primeiro semestre deste ano, para tornar a praça um espaço mais acolhedor.

“A praça da bíblia fica em um ponto estratégico, entre a Ceilândia antiga, Setor O, início do Sol Nascente e a QNQ, então é um local em que passa muita gente e de fácil acesso para muitos moradores. Pretendemos trazer um espaço gastronômico para o local, equipamentos públicos como PECs (Pontos de Encontro Comunitários) parque infantil, anfiteatro para realização de apresentações culturais e cultos religiosos”, informou o administrador da RA, Fernando Fernandes.

Praça da Bíblia, Ceilândia.
Praça da Bíblia, Ceilândia.(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

 

De acordo com o administrador, a ideia do projeto gastronômico surgiu dos próprios moradores. “Foi uma ideia nossa ao conversar com alguns frequentadores da praça. Vamos tocar pra frente e até o final do ano teremos novidades boas. Muita gente frequenta a Praça da Bíblia para praticar exercícios e as crianças para brincar com os coleguinhas, então queremos dar uma estrutura, queremos mudar a cara”, afirmou Fernandes. “A ideia é dar mais movimentação ao local, porque acabou ficando uma praça grande, pavimentada, com a bíblia no meio e nenhum equipamento para atrair as pessoas”, resumiu.

Do Cidadão

A ocupação a fim de ressignificar espaços públicos também tomou conta de outro ponto de encontro na Cei. Na Praça do Cidadão, localizada na EQNM 18/20, um projeto deu significado ao local. Há 15 anos, o Jovens de Expressão ocupa a praça para colocar a população de Ceilândia e arredores em contato com a arte, a educação, a saúde, a dança, a música e mais. “Incentivamos as potencialidades da juventude”, afirma o programa nas redes sociais, que tem como premissa dar voz aos moradores da cidade.

São mais de 500 jovens assistidos diretamente pelo programa todos os anos e cerca de dois mil indiretamente. Na praça, o Jovens de Expressão (JEX) tem um local próprio para atendimento ao cidadão, terapia comunitária, pré-vestibular, oficinas, empreendedorismo, além de manter o ponto de encontro sempre vivo, com muitas cores e grafites que transmitem a essência de Ceilândia. “O Jovens de Expressão começou como ocupação, em contrapartida a uma pesquisa que saiu em 2006 sobre vulnerabilidade na juventude, que mostrou as cidades mais violentas do Distrito Federal. Ceilândia, Sobradinho e Planaltina, eram as regiões com mais índices de mortes violentas. Então o projeto surgiu para tirar o jovem de Ceilândia da ociosidade, oferecendo atividades culturais, esportivas, cinematográficas, entre outros”, informou Rayane Soares, coordenadora do JEX.

 

Rayane Soares, coordenadora do projeto Jovens de Expressão
Rayane Soares, coordenadora do projeto Jovens de Expressão(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)

 

Basta passar pelo local para ver que, hoje, Ceilândia é muito mais que os índices de violência. “No momento nós estamos com o Cine de Expressão, que são oficinas voltadas para o cinema, com filmes introdutórios”, contou Rayane. Pelas redes sociais é possível perceber que a juventude da cidade se envolve com as oficinas e mostram seus talentos, seja com libras, canto, poesia, fotografia, produções cinematográficas, etc. Além disso, na Praça do Cidadão o Jovens de Expressão também montou uma galeria de arte que está com a exposição Quinquilharias, do grupo Antiquário, em exibição até 30 de março.


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