Antônio tem casa de praia, onde costuma descansar nos finais de semana. Para ele, não existe nada melhor nesse mundo, do que poder relaxar na praia, deitado numa confortável rede, sentindo o cheiro de maresia e o barulho do mar. Diz sempre que sua esposa, Marlene, sua alma gêmea, também adora relaxar na praia, e é com muita satisfação que ela se encarrega da enorme feira semanal, para abastecer a geladeira e o “freezer”, para os fins de semana na praia. Quase sempre, o casal recebe a visita de amigos, como também do filho, com a nora e dois netos.
Seu fim de semana na praia é sagrado. Na sexta-feira à noite, o casal organiza as coisas que tem que levar para o fim de semana, e os dois arrumam na caminhonete. Marlene se encarrega de preparar petiscos e quitutes à vontade. Antes do amanhecer, o casal já está na estrada. Uma hora depois, os dois já estão na casa da praia, descarregando a camionete.
O marido abastece o “freezer” e a geladeira e depois vai verificar se a bomba está funcionando, para encher a caixa d’água. Sempre encontra vazamento em alguma torneira, bronca pequena, que ele aprendeu a resolver.
Por sua vez, Marlene se instala logo na cozinha, para preparar um reforçado café da manhã. Em seguida, a mulher se encarrega de varrer e arrumar a casa, sacudir os colchões, forrar as camas e lavar os banheiros. Depois, começa a preparar o almoço, que sempre é uma feijoada, um cozido ou um peixe com pirão,
Antônio varre os alpendres e arma as redes. Depois, sozinho, vai dar um mergulho no mar e caminhar um pouco pela praia. Mas não se demora, pois o sol já está bastante quente.
Depois do almoço, Antônio se aboleta numa rede, mas não consegue dormir. Tem que consertar o chuveiro, ajeitar o ferrolho do portão da garagem e colocar “spray” contra ferrugem nas dobradiças e fechaduras das portas.
Marlene, depois de lavar a louça do almoço, também se deita numa rede e adormece.
A noite chega e eles jantam. Depois, assistem os noticiários na televisão, numa imagem péssima, sinal de que há algo errado com a antena.
Antônio espalha inseticida pela casa, para matar baratas e mosquitos. Os maruins e muriçocas não deixam ninguém em paz.
Acordam cedo, com a chegada do filho, a nora e os dois netos. Marlene prepara o café da manhã e põe a mesa, com bolo, pão, queijo e presunto. Faz cuscuz e tapioca, frita ovos, e todos comem à vontade.
Marlene aguardava uma nativa que sempre lhe ajuda, nos fins de semana. Mas, dessa vez, a moça mandou um recado dizendo que não poderia ir, pois estava doente.
Após o café da manhã, Antônio foi fazer sua caminhada matinal pela praia, para levar sol e dar um mergulho no mar. Marlene não pôde sair da cozinha. Estava terminando de preparar o almoço e uma sobremesa.
Antônio chegou da praia e ficou no terraço com o filho, tomando uma cerveja. Marlene, com ar de cansada e suada, pôs o almoço na mesa.
Todos almoçaram e depois procuraram se deitar nas redes, exceto Marlene, que permaneceu na cozinha, lavando pratos e panelas, e organizando o que era preciso levar de volta. A mulher arrumou tudo na camionete e depois acordou o marido. para pegarem a estrada. A nora arrumou as crianças e juntou as roupas molhadas para lavar em casa. Elas acharam o dia maravilhoso. Antônio, o filho e a nora de Marlene, também.
Chegaram em Natal à noitinha, pois o trânsito estava congestionado. Antônio tomou um banho reconfortante e, exausto, adormeceu na sua confortável cama box, só despertando no dia seguinte, quase na hora de ir trabalhar. Marlene descarregou a camionete, guardou o que precisava, tomou banho e, exausta, também atirou-se na cama, adormecendo imediatamente.
No dia seguinte, no trabalho, Antônio, com ar de cansado, gaba-se aos colegas de que não troca o seu descanso na praia, nos finais de semana, por nada neste mundo.