Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão quinta, 06 de agosto de 2020

CARTUNISTA J. CARLOS EM NOVA MOSTRA VIRTUAL

 

J. Carlos e seu traço clássico estão em nova mostra virtual

Exposição online exibe 84 trabalhos do grande cronista visual da imprensa brasileira do início do século passado

Ubiratan Brasil, O Estado de S. Paulo

06 de agosto de 2020 | 05h00

Durante 48 anos de produção, o chargista J.Carlos (1884-1950) criou mais de 50 mil trabalhos, entre caricaturas, charges, cartuns, ilustrações, letras, vinhetas, adornos e peças publicitárias. E só interrompeu porque sofreu um AVC fatal quando rascunhava um desenho, na redação da revista Careta. Mas não é pela espantosa produtividade que José Carlos de Brito e Cunha se tornou um dos principais artistas da imprensa brasileira da primeira metade do século passado, mas pela qualidade.

“J.Carlos atuou como um cronista visual, traçando os jogos políticos, as dicotomias sociais, e as nuances dos primeiros 50 anos de república no Brasil, temperados por um senso de humor ácido, debochado e crítico”, observa Rafael Peixoto, curador da exposição J.Carlos – Além do Tempo, que será aberta online sábado, 8, no site da Danielian Galeria (www.danielian.com.br).

 

 

J.Carlos
‘E Deus fez a mulher’. Desenho com nanquim, de J. Carlos  Foto: Danielian Galeria
 

São 84 desenhos que estarão expostos na sede da galeria, em uma casa de dois andares na Gávea, ainda fechada ao público até que haja segurança diante da pandemia. Na abertura, haverá uma live, a partir das 17h, de Peixoto com Cassio Loredano e Julieta Sobral, na página da galeria no Instagram (@danielian_galeria).

Assunto não faltará. “J. Carlos criou conceitos que até hoje fazem parte da imprensa no Brasil”, observa Peixoto. “É difícil precisar qual seria a sua principal contribuição, em função da extensão da sua obra. No design gráfico, ele desenvolveu uma liberdade criativa que rompeu com as tradições da sua época. Trouxe uma ideia de perfil editorial, adaptando a estética ao público-alvo, que foi totalmente inovadora e transformadora, não só para os jornais e revistas, mas também para a publicidade.”

Prolífico, J.Carlos trabalhou em grandes revistas do início do século 20, como CaretaPara Todos...Fon-Fon! e Almanaque do Tico-Tico. “Por ser autodidata, ele trouxe um olhar novo e livre de vícios e preconceitos. Ao longo da carreira, optou por manter-se alheio a qualquer grupo ou tendência artística, guiando-se pela sua sensibilidade, sua atenta observação e uma fluidez no desenho inata. Se em alguns pontos a sua obra assemelha-se às buscas modernistas, dela se diferencia por uma maior liberdade e independência de cânones ou conceitos fechados”, comenta o curador.

No período entreguerras, J.Carlos alcançou uma grande produtividade, evidenciando ainda sua posição antifascista, ridicularizando com seu traço fino os ditadores dos anos 1920 a 40, como Hitler, Mussolini e Getúlio Vargas. “O que mais chama atenção em toda a obra de J.Carlos é uma aguda observação e um elaborado senso estético, que se juntam e montam uma verdadeira crônica histórica e artística que vai além do seu tempo.”

Segundo Rafael Peixoto, ao longo dos anos 1930, J.Carlos consolida uma estética própria que irá marcar toda a sua produção seguinte. “A ligeireza do traço, a libertação da relação figura e fundo, e a sintética captação das formas começam a se desenvolver de maneira mais definitiva. É desse período também a sua atuação nas revistas Careta O Malho, em que afirma sua posição como ácido cronista político.”

O artista se interessava também pelo cidadão comum, revelando-se um exímio observador da sociedade, debochando na maioria das vezes dos mais ricos e valorizando a alegria festiva dos mais pobres, especialmente no carnaval. “J.Carlos foi um cronista visual do seu tempo, como foi João do Rio na literatura, por exemplo. O retrato social que fazia atingia a todos com seu deboche e sarcasmo. Sua obra reproduz as tensões entre classes que tinham a cidade moderna como palco de conflitos”, conta Peixoto. “E teve papel fundamental na criação da imagem do Brasil como o país do carnaval, a despeito das vantagens e desvantagens.”

 

J. Carlos
Ilustrador. J. Carlos morreu enquanto trabalhava em sua prancheta  Foto: Acervo Estadão

 

J. Carlos
‘Não entre sem bater’. Forma irônica de retratar viciados Foto: Danielian Galeria

 

J.Carlos
Fon-Fon. Aquarela que foi capa da revista ilustrada semanal  Foto: Danielian Galeria

 

J.Carlos
Casal de sambistas. J. Carlos ilustrou o carnaval como poucos  Foto: Danielian Galeria

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