CARMINHA MASCARENHAS
Raimundo Floriano
Cármina Allegretti, a Carminha Mascarenhas, nasceu em Muzambinho (MG), a 14.04.1930, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), a 16.01.2012, aos 81 anos de idade.
Descendente de italianos, mudou-se com a família para São Paulo (SP), quando tinha ainda poucos meses de idade e, mais tarde, foi morar em Poços de Caldas (MG), onde se formou Professora Primária e começou a cantar no coral da Igreja Matriz, destacando-se pela voz de contralto. Logo depois, interessou-se pela música popular, cantando acompanhada pelo pai e pelo tio ao violão.
Iniciou sua carreira artística em 1949, como crooner do Conjunto de José Maria, ao lado do pianista Raul Mascarenhas, com quem veio a casar-se em 1952. Nessa época, transferiu-se com o marido para Belo Horizonte (MG), apresentando-se com ele na Rádio Inconfidência e em casas noturnas.
Em 1955, morando no Rio de Janeiro (RJ), gravou, na Copacabana, seu primeiro disco, interpretando o samba-canção Folha Caída e o samba Nossos Caminhos Divergem, ambos de Hervé Cordovil e Nei Machado. Em seguida, também na Copacabana, gravou os sambas-canções Que Diabo Mandou, de Catulo de Paula e Fernando Lopes, e Outro Adeus, de Luiz Bonfá. Nesse mesmo ano, estreou como crooner do Hotel Copacabana Palace, substituindo Nora Ney.
Ainda em 1955, foi eleita, juntamente com Silvinha Telles, Cantora Revelação do Ano e contratada para fazer parte do elenco da Rádio Nacional, nela estreando no programa Nada Além de 2 Minutos, produzido por Paulo Roberto.
Em 1956, deixou o trabalho do Copacabana Palace, começou a apresentar-se na boate Sacha's, separou-se do marido e viajou para o Uruguai, onde se apresentou na Boate Cave e no Cassino de Punta del Este. Seguiu, depois, para a Argentina e Paraguai. Ao retornar, gravou o bolero Sonho, de Luiz Bandeira e Liane, a Toada do Beijo, de Nestor Campos e Sílvio Viana, e o samba-choro Problema Meu, de Mário Lago e Chocolate.
Três momentos de Carminha Mascarenhas
Em 1959, gravou seu primeiro LP solo, intitulado Carminha Mascarenhas, com as seguintes faixas:
Vem Pra Batucada, de Severino Filho e Alberto Paz
Joguete de Amor, de Tito Madi e Georges Henry
Olhe-me, Diga-me, de Tito Madi
Seus Carinhos, de Jeanette Adib
Não, de Evaldo Gouveia e Marino Pinto
Era Uma Vez, de Lina Pesce
Eu não Existo Sem Você, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes
O Amor Acontece, de Celso Cavalcanti e Flávio Cavalcanti
Quem Sou Eu, de César Siqueira e Nestor de Holanda
Procuro Esquecer, de Alberto Guedes e Nogueira Santos
Abandonado, de Ribamar, Esdras Pereira da Silva e Walter Barros
Comigo Não, de Geraldo Serafim
Em seguida, assinou contrato com a TV Rio para apresentar o programa Carrossel, atuando ao lado de Lúcio Alves, Elizeth Cardoso, Carlos José, Ernani Filho, Norma Bengell e Elizabeth Gasper. Em 1961, gravou seu segundo LP, cujas capa e contracapa adiante se veem:
Nessa época, iniciou relacionamento amoroso com o ator e compositor Gracindo Jr., começando a participar dos movimentos sindicais empreendidos pelos radialistas.
Carminha foi também compositora, tendo Dora Lopes como parceira principal, destacando-se como faixas mais conhecidas da dupla Meu Sonho Não Morreu, Toalha de Mesa e Samba da Madrugada, a última gravada até no exterior e considerada como hino dos boêmios dos anos 1960 e 1970.
Sua discografia, que vai daí até o ano de 1963, ultrapassa a casa dos 50 títulos, mas sofreu o arrefecimento pelo qual passaram todos os ídolos da Velha Guarda da MPB com o advento do Rock, da Bossa Nova, da Jovem Guarda e da Tropicália.
Nos anos 1980, apresentou-se no Sambão e Sinhá, casa noturna de Ivon Cury, com o espetáculo Carnavalesque, que ela própria escreveu.
Mudou-se para Teresópolis (RJ), em 1986, apresentando-se ocasionalmente em shows diversos. Em 1999, comemorou 50 anos de carreira, em espetáculo realizado na Associação Brasileira de Imprensa - ABI.
Em 2001, depois de reclusa em sua casa de Teresópolis por vários anos, atuou ao lado de Ellen de Lima, Violeta Cavalcanti e Carmélia Alves no espetáculo As Cantoras do Rádio: Estão Voltando As Flores, com roteiro e direção de Ricardo Cravo Albin, depois transformado em CD:
Ellen, Carminha, Violeta e Carmélia
Em dezembro de 2002, foi contemplada, juntamente com o grupo Cantoras do Rádio, como Destaque Cultural do Ano, pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. Em 2003, excursionou por várias cidades fluminenses com o show Estão Voltando as Flores. Em dezembro do mesmo ano, e em janeiro de 2004, atuou nos shows Ninguém Me Ama - Canto Para Nora Ney e Trá-lá-lá - Lamartine É Cem, ambos com o grupo Cantoras do Rádio, com o qual estrelou o espetáculo Homenagem à Época de Ouro do Rádio, na Academia Brasileira de Letras. Apresentou-se também em show solo realizado no Teatro Odylo Costa Filho na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a UERJ.
Seu falecimento, a 16.01.2012, aconteceu no Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, onde estava internada depois de ter passado os últimos anos no Retiro dos Artistas.
Carminha e Raul Mascarenhas tiveram um filho, o saxofonista Raul Mascarenhas Jr., que foi casado com a cantora Fafá de Belém, enlace do qual nasceu Mariana, cantora como a mãe. Raul também foi casado com a atriz Cissa Guimarães, com quem teve um filho, Rafael, que, aos 18 anos de idade, faleceu tragicamente, atropelado em um túnel da Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro.
Na quarta-feira passada, 12 de setembro, comemorou-se o 110º Aniversário de Nascimento do Presidente Juscelino Kubitscheck, apelidado carinhosamente de Nonô.
Juscelino e sua maravilhosa invenção
Vocês se lembram da promulgação da Constituição de 1988, que o PT assinou sob protestos? E do Plano Real, estabilizador de nossa Economia, ao qual o PT se opôs frontalmente? Pois é! Em 1957, a UDN foi uma pedra no sapato de Juscelino, fazendo de tudo para que Brasília desse errado.
Edigar de Alencar, no livro O Carnaval Carioca Através da Música, assim se refere à implicância da UDN: “Houve algumas composições que glosavam a construção a toque de caixa de Brasília, a nova capital. Mas a nota política é dada com inteligente disfarce pelo compositor Ricardo Galeno com o samba Deixa o Nonô Trabalhar com que responde às reclamações contra o governo de Juscelino.”
Eis a letra do samba, que Carminha Mascarenhas gravou para o Carnaval de 1957, transformando-o num dos grandes sucessos daquele ano:
O Morro tá falando por falar
A Escola vai sair
E as cabrochas vão sambar
Chega, ainda é cedo pra julgar
Deixa o Nonô trabalhar
Nonô quando assumiu
A presidência da Escola
Não encontrou sequer um tamborim
Agora que a escola tomou jeito
Muita gente põe defeito
Diz que a Escola tá ruim
Pois sim!
Chega, ainda é cedo pra julgar
Deixa o Nonô trabalhar!
Perceberam a intenção do compositor? Prossigamos! Em maio de 2005, veio à tona, denunciado pelo Deputado Roberto Jefferson, o esquema de corrupção denominado Mensalão, que chamuscou a figura do presidente da República. Em vista disso, os marqueteiros petistas entraram em ação e foram buscar no samba do Ricardo Galeno inspiração para lançamento deste slogan, exaustivamente repetido no Rádio e na TV: DEIXA O HOMEM TRABALHAR!
Nada se perde, nada se cria, tudo se copia! E o que é bom se repete!
Para vocês, com Carminha, a gravação original do samba Deixa o Nonô Trabalhar, lançado em 1957:
E mais estas faixas com seus primeiros registros em disco:
Folha Caída, samba-canção de Hervê Cordovil e Ney Machado, lançado em 1955:
Nossos Caminhos Divergem, samba-canção de Hervê Cordovil e Ney Machado, lançado em 1955:
Outro Adeus, samba-canção de Luiz Bonfá, lançado em 1955:
Sonho, bolero de Luiz Bandeira e Liane, lançado em 1956:
Toada do Beijo, toada de Nestor Campos e Sílvio Viana, lançado em 1956:
Problema Meu, samba-choro de Mário Lago e Chocolate, lançado em 1956:
há um erro aí... nas 3 fotos de Carminha com o subtítulo 'Tres momentos de Carminha'... a ultima foto, capa da Radiolandia, NÃO é a Carminha, mas a speaker da Radio Nacional, Yara Salles...
Prezada Márcia, obrigado por seu comentário! Fica aqui o registro de sua importante observação! Um abraço!