Por conta da declaração de Tite na última terça de que alguns jogadores estavam com problemas físicos, e pela larga vantagem construída no jogo de ida, havia a impressão, ainda durante a semana, de que o Flamengo pudesse entrar em campo com uma escalação alternativa ontem contra o Nova Iguaçu. No entanto, o treinador cumpriu o que havia dito anteriormente e escalou o rubro-negro com todos titulares. Assim, mesmo sem fazer muita força, a equipe venceu o time da Baixada Fluminense por 1 a 0, com um golaço de Bruno Henrique, e garantiu mais uma taça do Campeonato Carioca, a 38ª na história.
Da mesma forma que na partida do último sábado, o Flamengo voltou a vencer o Nova Iguaçu sem apresentar um futebol vistoso. Em noite abaixo dos homens de criação e com pouca ajuda dos zagueiros, que costumam ir bem no início da construção, a equipe de Tite foi previsível e esteve pouco inspirada ofensivamente. O time até tentou pressionar a saída de bola da Laranja Mecânica, mas não conseguiu apresentar o mesmo jogo de aproximações, triangulações e velocidade nas pontas. Por outro lado, o time de Carlos Vitor manteve a identidade e tentou atacar o rubro-negro, mas sem duas de suas principais peças, pouco levou perigo.
Minutos antes da bola rolar, Carlinhos, que agora já é jogador do Flamengo, foi cortado da escalação após reclamar de um incômodo na posterior da coxa direita durante o aquecimento. Com apresentação no rubro-negro prevista para esta semana, o centroavante se despediu do time sem poder entrar em campo. Além dele, o camisa 10 Bill, destaque no estadual, foi substituído logo aos 15 minutos com dores musculares.
— Acho que o resultado está sendo justo pelo que as duas equipes demonstraram. Temos que jogar um pouco mais perto. Estamos lançando demais a bola. Se jogar mais perto o gol vai sair. Criamos oportunidades para isso — falou o zagueiro Léo Pereira na saída para o intervalo.
De fato o Flamengo teve oportunidades de abrir o placar na primeira etapa. Em destaque, duas levaram mais perigo, já nos minutos finais. Como bem falou Léo Pereira, o rubro-negro tentou muitas bolas longas, já que contava com noite abaixo dos meias. Numa delas, Rossi deu chutão que chegou em Ayrton Lucas, já dentro da área. O lateral-esquerdo tocou para Cebolinha, que chegava mais atrás. O camisa 11 dominou, tirou bem do goleiro, mas acertou o travessão.
Na sequência, em nova trama pela esquerda, Cebolinha acionou Arrascaeta na frente. Na frente do gol, o uruguaio finalizou em cima de Fabrício, que defendeu para escanteio.
Brilho do ídolo
Na volta para o intervalo, o cenário da partida não foi diferente. Pouco criativo, o Flamengo pouco construiu ofensivamente, com exceção de novo chute na trave de Cebolinha, dessa vez fora da área, e atacou na base da bola longa. Insatisfeita com o desempenho da equipe, a torcida rubro-negra começou a pedir a entrada do ídolo Bruno Henrique. O técnico Tite atendeu aos pedidos e foi presenteado.
Com apenas cinco minutos em jogo, Bruno Henrique, ovacionado pela torcida no momento da entrada em campo, recebeu passe de Ayrton Lucas pela esquerda e finalizou de primeira, de canhota, para marcar um golaço. O camisa 27, que marcou pela segunda vez na temporada, reencontrou as redes depois de dois meses e meio. A partir daí, o Maracanã explodiu. Com a vitória e o título confirmados — o 12º de Bruno Henrique pelo Flamengo, os torcedores comemoraram este que eles esperam que seja apenas o primeiro de muitos em 2024.
— O time merecia a vitória. Saiu num belíssimo gol, pra consagrar o Maracanã lotado. 65 mil pessoas nos empurrando e ajudando. A nação é fantástica, outro patamar — disse Bruno Henrique no gramado do estádio.
Foram 15 jogos, 11 vitórias, quatro empates, nenhuma derrota, 29 gols marcados e só um sofrido. Depois de passar em branco em 2023, o clube conquistou logo de cara a primeira taça que disputou na temporada. Inquestionável, este também foi o primeiro título da era Tite no rubro-negro, de maneira invicta e com a melhor defesa da história da competição — a única vez que o time foi vazado foi com os jogadores do sub-20. Um campeão absoluto. E com fome de mais.