Chega a ser irônico olhar para trás e lembrar que, na estreia do Flamengo no Carioca, Tite chamou o Estadual do Rio de “mais forte do país”. Pouco mais de dois meses depois, seu time praticamente garantiu a taça ao vencer o Nova Iguaçu por 3 a 0 no primeiro jogo da final. O rubro-negro atravessou o campeonato sem encontrar essa dificuldade. O técnico exagerou naquela declaração? Sim. Mas claro que também teve méritos. Se alguém foi forte na competição, foi justamente o seu time.
Uma força liderada por Pedro. O camisa 9 infernizou zagas ao longo do campeonato. Neste sábado, com mais dois gols e participação no terceiro, não foi diferente. Chegou aos 11, abriu três para seu futuro companheiro de time Carlinhos — que assinou por três temporadas com o rubro-negro— e caminha para a segunda artilharia do Carioca na carreira (já fora em 2018, pelo Flu).
O placar magro a favor do Flamengo na descida para o intervalo não reflete o que foi o começo do jogo. O rubro-negro ditou o ritmo da partida e controlou todas as ações. O Nova Iguaçu que surpreendeu com a segunda melhor campanha do Carioca e que não se intimidou diante dos grandes — principalmente nas semifinais contra o Vasco — não deu as caras. Foi facilmente neutralizado.
O curioso é que a descrição acima dá a impressão de que o Flamengo massacrou o adversário. Mas não foi assim (ao menos não no primeiro tempo). A equipe de Tite optou por jogar num ritmo não tão intenso. Provavelmente porque tem uma viagem para Bogotá, na Colômbia, já hoje à tarde. Como precisava de força máxima tanto na decisão do Carioca quanto na estreia na Libertadores (terça, contra o Millonarios), dosar as energias era o melhor caminho. E deu certo.
O Flamengo nem usou tanto a sua marcação alta. Já com a bola nos pés, procurou explorar a largura do campo para não deixar o Nova Iguaçu se fechar e girou a bola com paciência atrás dos espaços. De La Cruz e Arrascaeta foram fundamentais nesta função. Um pouco mais à frente, Cebolinha esteve imparável fazendo o facão. Só não teve a companhia de Luiz Araújo, que não estava tão inspirado pela direita. Mas tinha Pedro, atento a todas as bolas que chegavam até ele.
O gol 13 mil poderia ter saído ainda no primeiro tempo. Quando o goleiro Fabrício salvou com os pés a conclusão de Pedro, aos 41, e quando o VAR apontou impedimento milimétrico do centroavante, anulando o que seria o seu segundo na partida, já no minuto final da etapa.
Com Luiz Araújo mais atento na volta do intervalo, o time ganhou mais força ofensiva. E o novo gol não demorou. Aos 7, Cebolinha recebeu ótima inversão do ponta-direita e serviu para Pedro, livre, empurrar.
O Nova Iguaçu, que no primeiro tempo só conseguiu levar perigo em chutes de fora da área, foi ainda menos ameaçador no segundo. Diante de um jogo tão controlado e com a vantagem já construída, Tite tratou de promover as substituições para pôr jogadores para descansar. E ainda assim achou mais um gol. Na tentativa de cortar a jogada de Pedro, Ronald marcou contra, liquidando sem querer a disputa aos 31 minutos.
Domingo que vem, o Flamengo que só levou um gol no campeonato (com time reserva) vai poder perder por até dois de diferença para levantar o troféu pela 38ª vez em sua história. Cenário melhor, impossível.