CARA DE PEIDO
Raimundo José mudou para a lua para não ser conhecido como “Cara de peido”
O dia foi 13 de maio de 1888. Foi quando a Princesa Isabel assinou “Lei” que aboliu e libertou oficialmente os escravos de muitos lugares do Brasil. Chamaram aquela Lei, de “Lei Áurea”.
Mas, muitos não sabem que, foi em Redenção, município cearense que, naquela época atendia pelo nome de Acarape, que a iniciativa foi tomada primeiro para “ABOLIR” os escravos naquele Estado. E isso aconteceu no dia 1 de janeiro do ano de 1883.
O Ceará foi vanguarda. Foi pioneiro.
Mas, com certeza você não sabe que, é exatamente o Ceará onde é mais arraigado o preconceito racial, e onde se diz que, “negro e nada é a mesma coisa”.
Você sabia que, confirmado pelas entidades de maior representatividade e credibilidade, em todo povoado, cidade ou Estado do mundo tem cearense?
Você sabe que tem cearense morando até na lua?
Tem cearense morando até na Baixa da Égua, aquele lugar que muitos mandam os outros irem, mas nunca quer tomar a iniciativa de ser o primeiro a “pegar” o caminho sem volta para a Baixa da Égua.
E, já foi até descoberto que, o cearense que resolveu mudar para construir a vida na lua, trabalhando como Garçom, nasceu em Aracoiaba, cidade que faz parte da serra do Baturité. E o nome dessa figura é Raimundo José dos Zanzóis Pereira, que um dia fez parte da população oficializada pelo IBGE, quando do censo demográfico de 2004, que contabilizou exatas 24.405 pessoas, incluindo Raimundo José entre essas, pois o dito cujo, no mesmo dia da visita do “homem” do IBGE, saiu para comprar Cibazol na bodega do Emerenciado e nunca mais voltou. Depois mandou um telegrama pelos Correios, afirmando que estava morando na Lua. E tá mesmo!
No telegrama escrito à lápis, Raimundo José contou que, mudou para a lua para fugir das mangações do povo de Aracoiaba, que, de uma hora para outra, sem motivo aparente, resolveu apelida-lo de “Cara de peido”.
Para a lua, “Cara de peido” levou consigo, uma panela velha de alumínio Ironte, uma colher de pau, uma quenga de coco, sal em pedra, pimenta do reino, um corrimboque com rapé de fumo e imburana, um penico de ágata, um caneco prumode beber água, uma quartinha, um landuá para pescar traíra, farinha seca, açúcar mascavo, uma lata para fazer café, e um prato, além de uma faca peixeira e fósforo para acender o fogo todo dia.
“Cara de peido” disse que está se sentindo em casa, pois na lua não chove, o que não é diferente da sua terra. Para ter companhia, levou uma cigarra, um grilo, o casal de sapo (e garante que já vão nascer sapinhos), um tiziu e o seu famoso pombo correio, portador da sua correspondência com os familiares quando os Correios entram em greve, ou quando as tarifas das postagens são aumentadas.
Raimundo José não gostou mesmo do apelido que lhe puseram, pois afirma que, embora não seja bonito, nunca soube que peido tivesse cara, e lamenta:
– Se fosse pelo aumenos “Cheira peido”!!!!
“Cara de peido” informou na última missiva trazida pelo pombo, que na lua ninguém paga IPVA e as ruas e avenidas são cheias de buracos, mas ninguém reclama, pois ninguém tem carro.
Lamentou, também, que naquele mundão de planeta já tenha chegado a corrupção. E descobriu isso quando recebeu oferta pela colônia de grilos que criou, pois o comprador queria fazer inseminação com algumas cigarras que animam as festas noturnas.
O comprador interessado propôs aumentar o preço, pois precisava dividir uma propina com alguém que está vendo o sol nascer quadrado, e vai ficar sozinho no mundo da LULA…. ops! No mundo da lua!