A 10 do Brasil é a 10 do Pelé. Jogador que mais a vestiu — foram 105 vezes (em outras oito partidas, ele usou outros números, inclusive o 13, na estreia) — o santista deu a fama ao número e à amarelinha. Em segundo, vem Neymar. Em sua última partida pela seleção — o amistoso contra a Nigéria, em outubro do ano passado — ele ultrapassou Rivaldo e chegou a 70 jogos com a 10 do Brasil. Rivellino e Zico completam o top-5. Neymar se tornou também o atleta que mais usou a camisa em uma única década, duas vezes mais que as 68 partidas de Pelé na década de 1960. E poderia ser mais: de 2010 a 2011, Neymar era o 11 da seleção, com a 10 sendo usada, na maioria das vezes, por Paulo Henrique Ganso.
Ao todo, 111 jogadores tiveram a honra de usar a 10 da seleção: 18 antes de Pelé e 92 depois. E os nomes trazem curiosidades. A começar pelo último, Lucas Paquetá, do Milan, que foi contestado justamente por usar a 10 nos últimos dois amistosos. Nomes que não fizeram história na seleção estão na lista, como o meia Carlos Eduardo, atualmente no Juventude, que teve a honra de ser o 100° a usar a 10 do Brasil, quando jogava pelo Rubin Kazan, da Rússia.
Os 10 jogadores que mais vestiram a camisa 10 da seleção brasileira Foto: Arte O Globo
Outros históricos atletas brasileiros que ficaram marcados com outros números na camisa também adoçam a lista. Camisa 9 em 1970, Tostão vestiu a 10 22 vezes, o 11° que mais usou. Eternizado com a 8 em 1982, Sócrates só usou a 10 uma vez, em 1980, assim como Falcão, ambos contemporâneos de Zico. Tetracampeão com a 7, Bebeto foi 10 duas vezes e até Ronaldo, o Fenômeno, símbolo da camisa 9, foi 10 em um amistoso em 1994 contra a Iugoslávia.
O ranking de quem mais usou a 10 da seleção tem Pelé como líder há 58 anos. Em maio de 1962, o Brasil venceu Portugal no Maracanã com gol dele, que chegou ao seu 28° jogo com o número, ultrapassando Didi para nunca mais ser ultrapassado.
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Pelé também é o primeiro jogador a usar a 10 defendendo um time estrangeiro em uma história triste e curiosa: em 1976, Geraldo, jogador do Flamengo, morreu aos 22 anos, vítima de um choque anafilático. Pouco antes da sua morte, ele usara a 10 da seleção por duas vezes. Um amistoso foi marcado em sua homenagem entre o Flamengo e a seleção brasileira e Pelé, que jogava pelo New York Cosmos, voltou para usar sua camisa.
Zico foi o primeiro jogador a usar a 10 pertencendo a um time europeu, algo recorrente hoje. Foi em 1985, quando ele atuava pela Udinese. É do Galinho também o recorde de sequência com a camisa histórica: de um jogo contra a Venezuela em fevereiro de 1981 até uma vitória contra o Chile em abril de 1983, ninguém além dele vestiu a camisa. Foram 25 jogos.
Ao todo, 68 partidas da seleção brasileira não tiveram o camisa 10 em campo, ou porque ele estava no banco e não entrou, ou porque estava machucado. E isso aconteceu em jogos históricos, como na final da Copa do Mundo de 1962, quando o Brasil conquistou o bi (Pelé, machucado, não jogou), e no 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014 (Neymar se machucou no jogo anterior). Uma camisa histórica que, nos 70 anos de vida, aprendeu até quando era hora de se esconder.