Quando Camila Pitanga fez as fotos desta matéria, o mundo era outro. No estúdio, com uma dúzia de profissionais, ela posou, riu, balançou o corpo ao som da playlist que tinha de BaianaSystem a Tame Impala, parou para almoçar com a equipe. De prato no colo, falou da estadia paulistana, prevista para durar seis meses, talvez um ano — “A praia de São Paulo são os afetos”. Depois, contou mais. Falou dos projetos que a levaram à cidade, da sua relação com a família, com o Brasil, com a carreira, com a dor, com a beleza e com o amor.
Rotina em tempos de coronavírus
“Tem seus altos e baixos, as emoções ficam à flor da pele. Ao mesmo tempo, a gente conhece um monte de potência: o que você nem sabe sobre você e sobre os outros. Está todo mundo aqui: eu, minha filha, Bia. Estou saindo esporadicamente, por necessidades pontuais. A gente está tentando fazer a vida andar, ter pulsação. Está tendo todo esse movimento muito bonito, as redes funcionando de maneira generosa, solidária, as pessoas oferecendo seus trabalhos, sua arte, sua música, suas práticas.”
Amor
“Na verdade nada disso é premeditado, né? Você não escolhe amar aquela pessoa, você ama. Ponto. Eu entendo dessa maneira. Até um ano atrás, eu sempre tive um, digamos, modo de existência heterossexual. Mas eu não estava pensando ‘eu tenho que ser isso’. Foi porque eu conheci homens que eu amei. E agora escolhi Bia, que estou amando. Não tem nada de extraordinário. Extraordinário é amar.”
Exposição
“Quando não era pública (a relação com Beatriz), tinha uma razão de ser. Era a primeira vez, eu estava imberbe em uma história. A real, sempre vivi meus relacionamentos de uma maneira discreta. Então também não tinha por que, vivendo quatro meses de uma história, fazer alarde. Não me sinto vítima (de notícias sobre seu relacionamento). Sou uma pessoa pública desde os 16 anos. Você vai adquirindo traquejo, seja por um desafio de um trabalho, seja por ficarem especulando a sua vida íntima. Sou vivida, e estou aprendendo ainda. E gosto de aprender. ”
Meio ambiente
“A série ‘Aruanas’ me deu chance de contar uma história de pessoas que lutam pela suas utopias. Foi escrita por ativistas. Essa perseguição que os ativistas, principalmente os ativistas ambientais, estão vivendo não é de agora, mas piorou muito. É uma ficção conectada com o que a gente está vivendo, pelos piores motivos.”