O volume da produção de café no Distrito Federal cresceu 11% em 2022, rendendo mais de mil toneladas do grão na região, segundo a Emater-DF (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal). Ao CB.Agro — parceria entre Correio e TV Brasília — desta sexta-feira (27/10), a professora e produtora de cafés especiais, Núcia Cenci, explicou que a produção do DF tem atingido níveis de excelência em qualidade e já rivaliza com estados como Minas Gerais e Espírito Santo — que têm tradição centenária na cafeicultura. Segundo Núcia, a qualidade do café local se deve à aplicação de pesquisas e tecnologias na produção, como estudo do solo e do clima, seleção de variedades produzidas e seleção de grãos, que garantem, também, uma produção rentável, se aplicados corretamente.
Produtora de café desde 2014, Núcia contou que, apesar de trabalhar com grãos de classificação “gourmet” (segundo maior nível), atingiu atingiu também a classificação de “café especial” (nível mais alto e acima de 80 pontos dentro da escala de qualidade dos grãos) seguindo rigorosamente as etapas de seu processo produtivo.
“A gente faz um controle rigoroso para saber tudo o que usa. (O café) é irrigado, então a gente faz um controle hídrico, o controle de pragas é feito. Nós temos o período de plantio, depois o de colheita, o de secagem, depois vai para um processo de seleção dos grãos, que são várias etapas. Eu só trabalho com os melhores grãos da minha safra, porque quando você colhe, você vai colher de tudo, e aí as suas máquinas é que vão fazer essa separação dos melhores grãos, no caso, especificamente para a minha marca. Então essas etapas têm que ser obedecidas, têm que ser rigorosas para que a gente realmente chegue a uma pontuação boa”, defendeu.
Apesar de ter empresas privadas como os maiores contribuintes em tecnologias, Núcia ressaltou o trabalho da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) no desenvolvimento de variedades de grãos específicas para o desenvolvimento no Cerrado, buscando maior qualidade da produção.
“A gente precisa bater palmas para a Embrapa, porque ela é precursora nessa questão de busca de qualidade e de melhorias. Os estudos deles devem ser extremamente valorizados. A Emater-DF dá aquela assistência técnica, mas especificamente na parte do café, o nosso maior contribuinte são as empresas privadas, que estão sempre trazendo tecnologias novas para auxiliar nessa produtividade, investimentos em pesquisa, e aí a Embrapa tem esse papel importante também”, afirmou.
Para a produtora, as feiras e exposições agrícolas no DF são imprescindíveis para aproximar a população da realidade agrícola da região, que afirmou ser muito mais vasta e distribuída do que normalmente se imagina. Para ela, esses eventos têm um importante papel de disseminação da cultura agrícola do DF e da produção de café.
Representatividade feminina
Apesar de ainda ser um ramo de predominância masculina, Núcia contou que a agricultura, e mais especificamente a cafeicultura, tem despontado na representatividade feminina.. Ela explicou que as mulheres têm conquistado maior respeito e reconhecimento no meio por conta de resultados, os quais atribuiu ao que chamou de “olhar clínico diferenciado” delas.
“Às vezes eles (homens) têm um pouquinho de resistência em aceitar algumas sugestões, acham que não vai dar certo, e de repente eles começam a perceber que esse nosso olhar diferenciado pode surtir efeito. Você está sempre tentando provar que é boa. A gente conquistou muita coisa, graças a Deus, mas é uma conquista diária, sabe? Você precisa estar sempre provando que vai fazer bem feito, e tanto é verdade que eu consegui alavancar a nossa marca e ela está progredindo. Estamos participando de feiras, o nosso café está entrando no mercado, as pessoas estão começando a conhecer e a gostar do café local”, disse Núcia.
*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes