Joviais senhoras, jovens senhoritas e alguns mancebos, quase sempre malhados, desfilam nas calçadas alheias, com seus cãezinhos, nem sempre cãezinhos. Alguns mais lembram ferozes leões acorrentados ao pescoço e puxados por suas donas e donos, domadores cuidadosos. Meu último cão foi Tupã, quando ainda garoto. Morava e passeava solto no quintal de minha casa. Gosto de cães, mas não mais os tenho e, por isso, com eles não passeio. Prefiro passear com meus sonhos e desejos: melhor companhia não há. Nos ajudam a encarar a vida e os percalços, quando seguram nossas mãos e nos desviam da crua realidade. Outras vezes nos fazem adormecer com a esperança refeita de um dia melhor no dia seguinte. Dobram as esquinas, mudam de calçada, ao pressentir perigo e nos embala, às vezes com carinho, outras, com sofreguidão, antes de nos abandonar até o próximo encontro, até o próximo sonho, até que o desejo se encante. Além do que, não precisam de coleiras, podem conosco subir e descer pelo elevador social. E com a grande vantagem de que não fazem cocô nas ruas.
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