CADÊ NOSSO FUTEBOL?
Paulo Azevedo
Em 1979, vi o Sócrates, pela primeira vez, alto, magro, meio desengonçado. Encantado fiquei. Eu tinha sete anos.
Foi em um amistoso contra o Ajax. A nossa Seleção ganhou de 5 a 0, um time formado só por atletas atuantes no Brasil (no dia seguinte, no colégio, toda a molecada tentava o passe de calcanhar).
Já o poderoso Ajax holandês? Aí pensei, dia desses, e se esse amistoso fosse hoje? O poderoso Ajax contra uma seleção brasileira formada só por atletas que aqui atuam?
Nossos times, quando lá chegam, sofrem na final do título mundial interclubes, parecem times pequenos, não de pouca expressão, pequenos mesmo, jogando por uma bola. Isso quando passa pela fase eliminatória, contra um time africano, da América Central ou Oceania.
Nosso futebol se perdeu em algum lugar. Semana passada, caí no desatino de ver um jogo da Champions League Europeia, futebol de verdade. Aí, à noite, não satisfeito, fui ver o Campeonato Brasileiro, acho que não era futebol não, talvez outro esporte. Quem criou esse abismo?
Aí dizem os donos dos microfones que aqui é o campeonato mais difícil do mundo, concordo, difícil pela mediocridade e não pela qualidade, nivelamento por baixo.
Cruzeiro, Botafogo, Santos, Flamengo, São Paulo, Grêmio e outros tantos eram os nossos times dos jogos de botões, eu tive até da Ponte Preta, lá tinha o Dicá.
Hoje, a molecada tem a camisa e torce para Barça, Real Madri, Juventus, Ajax, Liverpool...Viramos o simpático Ameriquinha da rua Campos Sales.
Times queridos que morrem no final, agonizante o futebol brasileiro.