Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Música do Caribe sexta, 07 de outubro de 2016

BUENA VISTA SOCIAL CLUB

BUENA VISTA SOCIAL CLUB

Raimundo Floriano

 

O seleto grupo de músicos cubanos

 

                        Em minha matéria anterior, denominada A Música do Caribe (3.10.16), prometi voltar ao tema, focalizando os grandes artistas e orquestras que fizeram a pujança musical de toda aquela região compreendida no mar-oceano entre as duas Grandes Américas, musicalidade essa infelizmente sucumbida em passado muito recente. Começo a cumprir minha palavra, trazendo até vocês um pouco do mais conhecido movimento musical cubano.

 

                        O Buena Vista Social Club era um clube de dança e atividades musicais de Havana, onde os músicos se encontravam e tocavam na década de 1940, entre eles Manuel "Puntillita" Licea, Compay Segundo, Rubén González, Ibrahim Ferrer, Pío Leyva, Anga Díaz, Omara Portuondo e Eliades Ochoa. No decorrer do tempo, novos membros entraram para o grupo.

 

                        No final da Década de 1950, o Clube fechou, e nunca mais se viu em Havana um lugar como aquele, deixando, assim, seus músicos órfãos. A maioria mudou de carreira para poder sustentar-se, e muitos passaram anos sem tocar instrumento algum, definitivamente abandonados e sem esperança de um dia voltarem a viver de suas potencialidades artísticas. Foi a tristeza musical que se apossou da ilha, na fechadura imposta pelo regime ditatorial ali instalado.

 

                        Em 1996, mais de 40 anos depois do fechamento do Clube, o músico e produtor americano Ry Cooder foi até Havana, na tentativa de reencontrar essas lendas da música cubana. Seu interesse surgiu depois de Cooder ter ouvido algumas gravações desses artistas.

 

 

                        Ry Cooder conseguiu reunir muitos deles: Ibrahim Ferrer, Compay Segundo, Omara Portuondo, Eliades Ochoa, Faustino Oramas e Rubén Gonzáles. Junto com esses e outros musicos, Ry Cooder produziu um disco fantástico, que foi aclamado mundialmente: Buena Vista Social Club, cujas capa e contracapa vocês viram logo acima.

 

                         Desse encontro, além da gravação do disco, surgiu o documentário homônimo, que mostra todas as etapas, desde as primeiras entrevistas, com os músicos em Havana, até o que seria o ápice para eles: a apresentação no Carnegie Hall em Nova York. Não esquecendo ainda que, antes da atuação em Nova York, eles estrelaram fantástica performance em Amsterdã, capital holandesa.

 

                        O filme foi aclamado pela crítica, sendo indicado ao Oscar na categoria Melhor Documentário e ganhando o prêmio de Melhor Documentário no European Film Awards. O disco, por seu turno, ganhou, em 1998, o Grammy Award for Best Tropical Latin Performance.

 

                        Além da fantástica música, o mais interessante desse projeto é a satisfação dos artistas cubanos e o reconhecimento de seus trabalhos. É possível perceber no documentário a alegria desses músicos, que mostraram seus talentos e que foram aplaudidos em todo o mundo. Até porque muitos deles passavam por necessidades e lutavam para sustentar suas famílias. Fama e glória mais do que merecidas.

 

                        Participaram da gravação do disco e do documentário: Ibrahim Ferrer, Juan de Marcos González, Rubén González, Compay Segundo, Ry Cooder, Joachim Cooder, Manuel “Puntillita” Licea, Orlando “Cachaito” López, Manuel “Guajiro” Mirabal, Eliades Ochoa, Omara Portuondo, Barbarito Torres, Amadito “Tito” Valdés e Leyva.

 

                        Em 2006, foi lançado Rhythms del Mundo, um álbum com as estrelas do Buena Vista e da música cubana Ibrahim Ferrer – sua última gravação antes de morrer em 2005 – e Omara Portuondo, com participação de astros como U2, Coldplay, Sting, Jack Johnson, Maroon 5, Arctic Monkeys, Franz Ferdinand e Kaiser Chiefs, dentre outros:

 

 

                        De todos os nomes acima citados, três foram mais visíveis no Brasil: Eliades Ochoa, Ibrahim Ibrahim Ferrer e Omara Portundo, cujos trabalhos passarão a constar de minha grade de matérias, e serão comentados quando a oportunidade se fizer propícia, começando hoje com o primeiro, o menos famoso do trio.

 

                        Eliades Ochoa, violonista e cantor, nasceu em Santiago de Cuba a 22 de junho de 1946, oriundo de uma família toda ela composta de músicos e vocalista, e começou a tocar violão aos 6 anos de idade.

 

                        Ainda jovem, era figurinha carimbada tocando e cantando pelos bordéis e bares de Santiago onde, por volta de 1970, já se apresentava regularmente na Casa de la Trova, consagrado clube musical da cidade.

 

                        Em 1978, foi convidado para se juntar ao Cuarteto Patria, grupo fundado em 1939, como seu líder, papel que ele só concordou em assumir se fosse autorizado a incluir novos elementos ao repertório, mantendo-se fiel a suas raízes musicais, e continuasse usando o que é considerada sua marca registrada: o chapéu de caubói:

 

Eliades Ochoa

 

                        Seu envolvimento com o Buena Vista Social Club e a participação no filme do mesmo nome concederam-lhe a fama e o reconhecimento mundiais.

 

                        Em 1998, gravou o álbum Cub Africa, com Manu Dijango; em 1999, o álbum Sublime Ilusión; e, em 2004, a canção Hemingway com o conjunto holandês Blof, constituindo parte do álbum Umoja. Sua discografia contabiliza mais de 15 trabalhos.

 

                        A música que escolhi como amostra de sua arte é uma guajira, espécie de lamento cubano, estilo tão popular em Cuba quanto na África Ocidental. Também conhecida como “blues cubano”, a guajira deriva-se da tradição espanhola muito forte naquela ilha.

 

                        Eliades Ochoa é um intérprete profundamente imerso na tradição, e o uso do chapéu de caubói tem a finalidade de identificá-lo como guajiro – camponês –, vaqueiro, caipira, como o classificaríamos por aqui.

 

                        Para vocês, então, a guajira El Carretero, de Guillermo Portables, que consta do famoso CD, na interpretação de Eliades Ochoa, coadjuvado pelo Buena Vista Social Club.

 

 

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