Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carlito Lima - Histórias do Velho Capita terça, 24 de janeiro de 2017

BUDAPESTE, CIDADE PARA VIVER UM GRANDE AMOR

 

Hungria, esse país povoou minha imaginação na juventude. Entre meus divertimentos, aos 12 anos, eu possuía uma amada coleção de selos. Tia Zezé Peixoto trabalhava nos Correios me trazia selos descolados, caídos das cartas. Certa vez me presenteou um pacote, 24 selos coloridos, belíssimos, neles escrito Magyar Posta, Correio da Hungria. Tornaram-se a preciosidade da coleção, eu mostrava a todo mundo, maior orgulho aqueles selos de um país distante e misterioso.

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Seleção da Hungria 1954

Em 1954 acompanhei por rádios e jornais a Copa do Mundo de Futebol na Suíça. A Hungria era a melhor seleção daquela Copa, inigualável, ganhava dos países mais fracos de 10 x 0 para cima, eliminou o Brasil nas quartas de finais 4 x 2. Numa das maiores injustiças do futebol, esse time perdeu a final em Berna para a Alemanha, campeã, 3 x 2 de virada. O Honved time base da seleção húngara possuía os melhores jogadores do mundo, inesquecíveis, Puskas, Kocsis, Czibor, Grosics. Destaques na história do futebol. Coloquei as fotos desses jogadores na parede de uma puxada no quintal de minha casa onde eu estudava durante a tarde. Tornei-me fã do Honved, de Puskas.

Durante a Segunda Guerra Mundial a Alemanha invadiu a Hungria. Isolaram os judeus em Budapeste, construíram uma muralha dentro da cidade formando um gueto. Segundo dados do Holocausto, 380.000 judeus húngaros foram mortos nos Campos de Concentração durante a ocupação. Ao terminar a 2ª Guerra os nazistas fugiram da Hungria dando lugar ao vencedor, o Exército de ocupação russo. Azar da população húngara. Saiu Hitler entrou Stalin instalando o regime comunista colocando mais um país na órbita soviética.

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Revolução Húngara 1956 – o povo em armas contra o jugo soviético

Em 1956 eu era cadete da Escola Militar de Fortaleza, tomei conhecimento pelos jornais da Revolução na Hungria. Fiquei interessado, quis entender, acompanhei a revolução do país de Puskas, ele era major do exército húngaro.

A Revolução da Hungria se iniciou no começo de 1956, uma manifestação organizada por estudantes e intelectuais húngaros contra as condições de vida e contra o governo do Partido Comunista, pretendendo adoção de algumas medidas democráticas no país. Cerca de 200 mil pessoas participaram da manifestação entre estudantes, operários e soldados. Os manifestantes derrubaram a estátua de Stalin, agentes da repressão passaram para o lado dos manifestantes. Conselhos revolucionários foram criados em Budapeste e outras cidades para organizar a população. O clima de guerra civil cresceu no país. Os governantes tentaram chegar a um acordo com Moscou. Entretanto, em novembro de 1956 tanques do Exército Vermelho entraram em Budapeste reprimindo brutalmente manifestações. Mais de 20 mil húngaros mortos, contra pouco mais de 700 soldados soviéticos. Era o fim da Revolução Húngara.

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Ponte das Correntes, separa Buda e Peste

Agora nesse bendito 2016, há alguns dias, com 76 anos nos costados, conheci esse país que habitou meus devaneios de juventude. Ao entrar em Budapeste encantei-me, fiquei fascinado com a beleza da cidade, extrapolou a expectativa. De um lado do Rio Danúbio fica Peste, suntuosos edifícios do antigo império austro-húngaro, imponente o edifício do Parlamento de fachadas e agulhas góticas. Em Peste concentram-se museus, galerias, igrejas, óperas. É a zona de compras da cidade, modernos shoppings instalados em palácios do Século XVIII. Atravessando a Ponte das Corrente, guarnecida por leões de pedra, fica Buda, morada dos ricos, onde se localizam castelos, a deslumbrante Igreja de São Matias e muitas construções medievais da cidade.

O Rio Danúbio divide Buda e Peste, inspirou Strauss compor a valsa, talvez a mais conhecida, “Danúbio Azul”. Durante uma noite após um show folclórico, navegamos num luxuoso barco onde avistamos toda cidade iluminada. As noitadas acontecem em modernos clubes ou em navios abandonados à margem do rio. Existem banhos turcos (a maioria também ocupa antigos palácios), unissex. Muito interessante. As belas húngaras costumam rejuvenescer nesses banhos turnos, às vezes nuas. Espetáculo à parte.

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Memorial dos Sapatos

Certa manhã, perambulamos, cinco casais, pela exuberante Budapeste, conhecendo, descobrindo à pé aquela fascinante cidade. A certa altura Dr. Catão nos instigou a procurarmos o Memorial dos Sapatos construído em 2005 por dois artistas, eles fixaram à margem do Danúbio alguns sapatos de bronze simbolizando um triste fato; num dia de inverno um grupo de judeus foi levado pelos nazistas à margem do Danúbio onde foram obrigados a tirar seus sapatos (valiosos durante a guerra) e saltar dentro do rio gelado.

Não se pode esconder, nem esquecer as atrocidades das guerras. Contudo, a beleza da cidade é imorredoura, inebriante, Budapeste, cidade para viver um grande amor, retornarei, em lua de mel, quando completar 50 anos de casado.


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