Esbalde-se! Nossa prateleira é para todos os gostos, da editora de moda que se muda para Florença e descobre o significado da expressão italiana “bella vida” (ter prazer enquanto come, sorrir sempre mais e - melhor dos melhores - manter a forma sem academia) aos pratos criados por Jamie Oliver com apenas cinco ingredientes (livro lindamente produzido na Itália); as receitas preciosas dos Vigilantes do Peso (porque é preciso), as últimas da Bela Gil, que consegue reduzir em até 50% o desperdício na cozinha ou as criações da vegana Alana Rox, que mostra como montar uma festa (e nem precisava tanto) sem um ingrediente de origem animal. Troisgros ensina até a comprar frigideira, enquanto o jornalista padeiro Luis Américo Camargo divide o passo a passo para o pão perfeito, de 2, 4 ou 6 horas a mais de preparo. Temos tempos, certo? São 13 títulos de bandeja, sob medida para animar esses tempos de quarentena. Só na vale reclamar de fastio.
Você tem fome de quê?
‘Bela Gil, da flor à raiz’ (Editora Globo)
Abaixo o desperdício, palavra de ordem que cabe com luvas (de panela) para o quinto livro de Bela Gil, que acaba de ser editado. A media do é que descartado na cozinha, sem uso algum, pode chegar a 50%, no caso das verduras e legumes. Um terço do que compramos, vai parar no lixo, denuncia Bela, que, lançando mão de cascas, sementes, raízes, folhas e flores comumente descartadas, sugere 37 receitas pelas 136 paginas do livro, onde esses itens viram as grandes estrelas. É um novo olhar sobre ingredientes do dia a dia, compartilhado em ótima hora.
‘Claude Troisgros, histórias, dicas e receitas’ (Sextante)
É o mais afetivo dos livros desse “carrioca” de 40 anos de mar do Leblon, que começou a tomar gosto pela culinária aos 8 anos, o que se entende perfeitamente, afinal, Claude é filho que do chef Pierre Troisgros, do antológico restaurante Roanne, berço da nouvelle cuisine, movimento de cozinheiros que mudou a gastronomia mundial. Suas lembranças estão pelas páginas, aprendizado e ensinamentos que vão do preparo de um molho espesso ao corte de peixes, carnes, além de dicas para compra de legumes e verduras, uso adequado das panelas e “causos” deliciosos. Abre o coração e revela suas 47 receitas preferidas. Livro para agora e sempre.
‘Sal, gordura, ácido, calor’, de Samin Nosrat (Companhia das Letras)
Samin, que é escritora, professora, chef de cozinha e ainda assina uma coluna de gastronomia no “The New York Times”, faz do sal, da gordura, do ácido e do calor, seu mantra diário: “dominando esses quatro elementos, você terá pratos deliciosos”, garante a autora, que compartilha receitas de vegetais caramelizados, vinagretes, carnes assadas que se desmancham, massas levinhas e quebradiças... São 480 paginas deliciosas, com o luxo de ter a tradução assinada pela cronista gastronômica Nina Horta (uma das mais importantes do Brasil) e prefácio de Michael Pollan. O livro originou um seriado exibido na Netflix.
‘Culinária Básica: as melhores receitas e dicas para o dia a dia saudável’ (Sextante)
O livro (providencial) é uma feliz e oportuna parceria da Sextante com o Vigilantes do Peso, reunião de 200 receitas sem contra indicações, que valem tanto para emagrecer quanto controlar peso, colesterol, glicose, seja para iniciantes ou já veteranos na prática de contar (e acumular) pontos na hora de se alimentar. Não sou praticante, mas tirei boas “colas” e incontáveis ensinamentos , do café da manhã ao jantar. Parceria super oportuna, uma coletânea variada, com um um pouco de tudo, incluindo o uso de utensílios, algumas técnicas de cozimento, a feitura de temperinhos. São 416 páginas, livro de de peso no melhor sentido.
‘Simplíssimo, o livro de receitas francesas mais fáceis do mundo’, de Jean-Francois Mallet (Sextante)
O titulo é tentador: receitas fáceis franceses, quem não quer ter em mãos? É o que esse francês, dublê de cozinheiro (trabalhou com Joel Robouchon e Michel Rostang), fotógrafo e globetrotter propõe nas 368 páginas do livro que, não por acaso, já foi editado em 15 países. São 180 receitas, onde algumas, surpreendem pela pouca quantidade de ingredientes, coisa raríssima na cozinha francesa. Os pratos de Mallet são feitos com três a seis ingredientes, não passam disso: abóbora assada com queijo azul, abobrinha empanada, berinjelas no forno... Ah, ele ensina a fazer massa de pizza também.
‘Diário de uma vegana, o despertar’, de Alana Rox (Editora Globo)
Dá para fazer uma festa só com receitas veganas? A apresentadora de TV e santa catarinense Alana Rox, vegetariana desde criança, garante que dá e mostra (ensina!) como fazer, compartilhando uma seleção de receitas veganas e sem glúten também, Seu trunfo maior é a facilidade no preparo dos pratos (nenhum leva mais de dez minutos para ficar pronto) e ainda o uso de ingredientes simples, facilmente encontrados em casa. Pelas 220 páginas desse que é o segunda incursão editorial da autora, nos deparamos com um cardápio variado, que vai do brigadeiro de colher ao pão de queijo, todos feitos sem ingrediente algum de origem animal.
‘Bella figura’ , de Kamin Mohammadi (Editora Rocco)
Um relato emocionante e divertido da mudança de vida de uma editora de moda de uma luxuosa revista inglesa, que, depois de ser demitida, resolve dar um tempo em Florença, onde descobre o estilo “bella vida” de viver ( desacelerar, amar, comer com prazer, sorrir mais e, melhor dos melhores, manter a forma longe da academia), que a faz mudar seu estilo de viver. Com texto leve e divertido, a autora Kamin Mohammadi, iraniana que mora em Londres, recheia as 320 páginas da obra com deliciosas incursões na culinária italiana. Para frequentar da cozinha ao quarto de dormir , passando pelo sofá da sala .
‘Jamie Oliver, 5 ingredientes’ (Companhia das Letras)
É dos melhores livros do cozinheiro televisivo inglês, uma inventiva e bem resolvida criação de uma cardápio feitos com 130 pratos preparados com enxutos cinco ingredientes, Nem mais, nem menos. A ideia é ter o máximo de sabor com o minimo de ingredientes. Sugere carnes, massas, saladas e “last but not least”, doces bárbaros (sugestões? biscoito crocante de maçã e o bolo de fubá com laranja). O livro, a obra de não ficção mais vendida na Inglaterra em 2017 e 2018, foi adaptado para o Brasil, mas foi todo ele produzido na Itália. É o chef em ótima forma.
‘Wine folly, guia essencial do vinho’, de Madeleine Puckette e Justin Hammack (Intrínseca)
O “Washington Post” já o elegeu como “o melhor livro introdutório sobre vinho já publicado”. Não é pouca coisa. Guia Essencial é, na verdade, um “filhote” bem sucedido de uma dos maiores e melhores sites americanos de vinho, o Wine folly. Traz ensinamentos práticos, em tom leve e divertido, que cai bem tanto para novatos, quanto para os que já acumulam algum conhecimento sobre o assunto. Lista todas as uvas cultivadas no planeta, com as suas características e a melhor forma de combiná-los com comidas. Coisas básicas, como as diferenças entre um Pinot Noir e um Cabernet Sauvignon.
‘Comer para não morrer’, de Michael Greger e Gene Stone (Editora Intrínseca)
Não se impressione com o título. Zero de indigesto. O que a dupla de médicos que assina o livro propõe são mudanças de hábitos à mesa, a adesão a uma prática de alimentação capaz de prevenir, controlar e até reverter doenças. Traz ensinamentos simples, até por isso, preciosos, especialmente nesses dias de sedentarismo (mesmo que parcial). O que comer, como e quanto: e dá-lhe castanha de caju, brócolis, repolho, couve-flor, grão-de-bico, feijão branco, cada um cumprindo um papel. Simples assim. O livro traz o aval da Bela Gil, que assina o prefácio. Ela entende de dieta com vegetais.
‘Caderno de receitas de meu pai’, de Jacky Durand (Record)
“Le cahier des recettes” é um best-seller na França, que está em vias de ser lançado no Brasil. É um romance delicadíssimo, que tem como protagonista um chef de cozinha. O autor, Jacky Durand, é um jornalista conhecido do jornal francês “Liberation” e, como todo o francês, é glutão, apaixonado por culinária e cozinha bem. Tanto que, ao final, o livro reúne dez receitas, como pot au feu, a cavalinhas ao vinho branco ou clafoutis de cereja. É uma obra amorosa, saborosa e tocante, a ponto de sensibilizar o chef Eric Jacquim, que assina a orelha da edição brasileira, que sai até o final do mês.
Só para um, alimentação saudável para quem mora sozinho’, de Rita Lobo (Senac/ Panelinha)
“Vamos acabar com o mito de que não vale a pena cozinhar para um só”, dispara, nas primeira páginas, a chef televisa Rita Lobo, que assina, entre tantos, livros de culinária, dessa vez mais atual do que nunca em tempos de quarentena. Todos os capítulos surgem a partir de um problema: a pia está cheia de louça suja? É hora de sujar menos e a saída é preparar refeições numa panela só. Elementar. Anda enjoado dos congelados que lotam o freezer? Pois Rita providencia um “plus” e o prato ganha novos ares. São 80 receitas, fotos animadoras e uma lição de vida. Já pra cozinha.
‘Direto ao pão’, de Luiz Americo Camargo (Senac/Panelinha)
Pão é tempo, avisa o padeiro, professor e jornalista Luiz Americo (que é critico de restaurantes da “Folha de S.Paulo”) no livro em que ensina o passo a passo para fazer em casa nada menos do 20 tipos de pães divididos em capítulos por tempo de preparo: pães até 2h, 4h, ou mais de 6h. O tempo é seu. Gougères, forma multigrão ou sueco, em duas horas estão prontinhos; já uma ciabatta, não leva menos de seis. O livro traz fotos das etapas sugestões de acompanhamento (com receita): ricota caseira, barriga de porco assada, homus de beterraba... Como diz o autor, faça pão (eu ando me aventurando e amando).