Até então, o Flamengo de Renato Gaúcho só conhecia a boa fase. Desde a chegada dele, haviam sido sete vitórias em sete jogos. Agora, o time passa por uma situação nova. Neste domingo, não só perdeu a invencibilidade com o técnico como viu ela cair de forma acachapante: uma goleada por 4 a 0 para o Internacional com os jogadores entregues na reta final da partida. Pela primeira vez, terá que reagir. Uma necessidade que surge justamente a três dias do duelo contra o Olímpia, em Assunção, pela Libertadores, o torneio mais importante para a equipe na temporada.
- Somos um time experiente, que sabe o que quer. Sabemos que hoje não deu certo. Mas estamos concentrados e com a confiança lá em cima. (Libertadores) É outra competição - assegurou Éverton Ribeiro. - Temos que ficar atentos com os erros e lutar pela vitória.
Pelo Brasileiro, o Flamengo perdeu a chance de se aproximar do G4. Segue em quinto, com 24 pontos, a quatro do Bragantino. No domingo, tenta se recuperar na competição contra o Sport, em Volta Redonda.
Embora a derrota não tenha nenhum efeito de tragédia no time, que vinha jogando bem nas últimas partidas, ela chama a atenção pela displicência tática. Não é novidade que os times de Diego Aguirre jogam na base do contra-ataque. E é o que o Internacional faz. Mas Renato Gaúcho parecia não saber disso. Não pela derrota em si. Mas pela forma como a defesa rubro-negra foi pega despreparada pelas investidas do rival.
O Flamengo mais uma vez se impôs já nos primeiros minutos. Com um jogo baseado em toques rápidos passando de pé em pé, o time se aproximou com facilidade à meta do rival. Principalmente pela direita, com Isla e Éverton Ribeiro. Os problemas surgiam quando a bola chegava na árrea do Internacional. Ou os jogadores tomavam a decisão errada ou não recebiam na melhor das condições para finalizar.
O resultado se refelte nos números. No primeiro tempo, apesar das seis finalizações, o time só criou uma chance real de gol: uma cabeçada de Bruno Henrique na direção do goleiro Daniel.
O Inter encontrou um Flamengo muito empenhado em atacar mas, totalmente despreparado para seus contragolpes. Logo, aos 18, embora houvesse cinco marcadores rubro-negros em torno dele, Edenilson encontrou um espaço enorme para avançar e tocar para Yuri Alberto abrir o placar.
O lance não serviu de alerta. Pelo contrário. O time sofreu um apagão, do qual só saiu após levar o segundo gol, também de Yuri Alberto, aos 40.
A impressão é de que, no intervalo, Renato Gaúcho apenas tentou corrigir os problemas de finalização. Porque o Flamengo voltou mais incisivo, mas ainda mais exposto atrás. Aos 8, em mais um contra-ataque, Taison arrancou desde o campo de defesa para fazer o terceiro. Filipe Luís era o único jogador na contenção, o que mostra que nada do que ocorreu no primeiro tempo serviu de lição.
A atuação do Flamengo não foi o único destaque negativo da partida. Com critérios confusos, a arbitragem perdeu o controle da partida. E, aos 15, expulsou Gabigol num excesso de rigor não visto em toda o jogo até então.
O episódio desorganizou ainda mais o Flamengo, que se entregou totalmente. O quarto gol, de Yuri Alberto mais uma vez, é reflexo disso. O atacante recebeu livre pela direita. Só um jogador da linha de marcação o acompanhou. Em vão.