Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense quinta, 24 de setembro de 2020

BRASÍLIA TRADUZIDA EM LINHAS

Jornal Impresso

Brasília traduzida em linhas
 
Com a reabertura dos espaços culturais, exposições celebram e homenageiam os 60 anos de Brasília por meio das linhas e dos traços que deram origem à capital e são referências visuais da cidade

 

» Roberta Pinheiro

Publicação: 24/09/2020 04:00

Brasília em linhas (Arquivo Pessoal)  

Brasília em linhas

 

 
Brasília em linhas (Guilherme Paiva/Divulgação)  

Brasília em linhas

 

 
A arte da cartografia e uma paixão chamada Brasília (Edgard Marra/Divulgação)  

A arte da cartografia e uma paixão chamada Brasília

 

 
A arte da cartografia e uma paixão chamada Brasília (Edgard Marra/Divulgação)  

A arte da cartografia e uma paixão chamada Brasília

 

 
 
 
Há 60 anos, os traços de Brasília, projetados e planejados por nomes como Oscar Niemeyer e Lucio Costa, ganhavam dimensão fora do papel. A capital do país precisou comemorar o sexagenário de maneira diferente, um tanto silenciosa fisicamente, mas, ainda assim, celebrada virtualmente. Com a permissão e a reabertura de alguns espaços culturais, contudo, a cidade de Juscelino Kubitschek acolhe homenagens de candangos e brasilienses inspirados na natureza artística de Brasília, mesmo tendo passado o 21 de abril.
 
A partir de amanhã, a exposição Brasília em linhas, do artista plástico maranhense Jailson Belfort reabre as portas do Espaço Oscar Niemeyer. Fechado para reformas e por conta das medidas de combate à covid-19, o equipamento cultural volta a funcionar em horários e dias reduzidos. “Me sinto feliz e muito honrado em realizar esta exposição. Adotei Brasília como cidade, aqui construí minha família e meu trabalho. Aqui descobri meu talento e tenho utilizado esse talento para representar a capital”, comenta Belfort.
 
A história de Belfort poderia ser contada pelos pioneiros que inauguraram Brasília. O artista plástico saiu de São Luís, no Maranhão, e chegou na capital federal em 1991 em busca de novos horizontes e novas possibilidades. Formado em Design, ele começou a trabalhar no Supremo Tribunal Federal (STF) e ali descobriram os desenhos que Belfort realizava com canetas esferográficas. “Ali que despertou a alma artística para me dedicar a essa nova fase. Me tornei um artista plástico que só trabalha com esferográfica e me inspiro muito em Brasília, pela sua beleza. A cidade em si, pelos monumentos, sempre me inspirou. E também, pensei em utilizar um instrumento que as pessoas não costumam usar para fazer arte. A caneta é algo que as pessoas têm em casa, no escritório”, detalha.
 
Cores e linhas
 
Em Brasília em linhas, Belfort retrata e homenageia Brasília colocando em diálogo ícones e referências visuais da capital, mas trabalhados sob a estética do artista. As 60 obras que integram a exposição são trabalhadas em duas cores cada. Ao colorido vivo das canetas com tons de rosa, azul, roxo e laranja, por exemplo, coube retratar o céu de Brasília. “Os monumentos são retratados com outro ângulo, diferente do comum”, complementa Belfort. Na construção da imagem, ele usa as linhas e as cores das canetas esferográficas, bem como teorias da Gestalt de sombra, luz, figura, fundo e ângulo. “Queria mostrar Brasília primeiro mostrando a beleza do seu céu. O pôr do sol na época da seca tem várias tonalidades e isso me encantou muito”, comenta o maranhense.
 
Esse olhar de Belfort para os monumentos também é uma estratégia do artista para fugir do realismo. É no contraste das linhas e das cores com o espaço em branco que ele revela elementos e características que remetem o espectador aos traçados de Niemeyer, por exemplo. “O vazio que existe entre o céu e os detalhes do monumento, isso vai fazer a pessoa de fato enxergar o monumento, vai provocar e indagar o público”, conta. “Cada detalhe são milhares de linhas feitas à mão livre, sem régua. A esferográfica, por não ser um material comum na pintura, tem seus problemas, pode borrar ou falhar e não tem como corrigir, tem que ter paciência ao fazer as telas. Então, são dois desafios, o de trazer o olhar do arquiteto e do urbanista para compor os monumentos e o desafio do próprio instrumento para que seja usado com suas limitações e sua beleza”, acrescenta.
 
Esquemas
 
Também pelas linhas de Brasília que a arquiteta e artista plástica brasiliense Helena Trindade percorreu para desenvolver o trabalho que a uniu, de vez, ao universo das artes plásticas. Contudo, ao contrário de Belfort, foi na exatidão da cartografia que Helena se inspirou. Em A arte da cartografia e uma paixão chamada Brasília, em exibição no estande da Brasal Incorporações no Noroeste e no site da empresa, a arquiteta e artista plástica apresenta uma sequência de 10 quadros nos quais desdobra percepções e vivências dos mapas da capital.
 
“É um desenho esquemático que eu fiz a partir dos eixos principais. Nos trabalhos de Brasília, destaquei quais seriam os prédios principais, o eixo Rodoviário, o Monumental, o Eixão. Claro que a cidade tem outros eixos, outras vias, mas eu senti que aqueles se destacavam mais. Então, procuro pontuar os que são mais relevantes e mais icônicos e acaba resultando em algo da minha vivência e percepção”, explica Helena. Com os esquemas em mãos, a artista recorta e constrói, com diferentes materiais, a própria visão artística de Brasília.
 
Condensado, MDF, couro, papel reciclado e madeira se transformam nas mãos da artista em mapas carregados de sensibilidade. O projeto, que começou como trabalho de mestrado na Inglaterra, ganhou exposição e virou uma marca de Helena, a HT.Objetos. “Tenho procurado trabalhar com materiais mais nobres para linhas exclusivas. E as cores, algumas são combinações que acho que conversam esteticamente. No caso das obras em exibição, o azul e branco foi uma referência ao Athos Bulcão e o terra cota, à época seca de Brasília. Agora, estou trabalhando em uma nova peça que vai fazer referência ao pôr do sol da cidade”, adianta.
 
Para Helena, o brasiliense naturalmente nasce com uma sensibilidade visual. “Passamos a valorizar o espaço urbano. Várias pessoas que não são da área comentam como Brasília é aberta, os prédios são icônicos, então ela desperta essa sensibilidade”, comenta. A arquiteta e artista plástica reconhece que a cidade planejada tem os problemas, como os espaços ermos, a segregação, sobretudo quando comparada com cidades tradicionais. “Mas, é inegável que Brasília é uma arte por si só”, pontua. Por fim, ela afirma: “ser brasiliense é ver a beleza no traçado não comum de uma cidade, é saber apreciar o lado planejado de uma cidade”.
 

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