Nunca gostei de Brasília, desde quando ia muito lá, por obrigação, a trabalho ou em missão de treinamento. Detestava, e continuo a detestar, o fedor insuportável de esgoto que emana das ratoeiras do poder. Não fosse pelos parentes, amigos e colegas queridos moradores da cidade, melhor seria nunca ter ido. Verdade que se encontra na cidade a genialidade da dupla Niemeyer/Lucio Costa. Vê-se, ainda, passarinhos nas ruas largas, além do verde e da floração dos ipês enfeitando os parques. Seus prédios não arranham o céu e quase não se vê sinais de trânsito, por desnecessários que são. Tudo isso atenua minha antipatia pela cidade-avião. Mas falta a decência dos homens de paletó e gravata, a honestidade dos bons de alma, poucos. E isto é fundamental e necessário para um viver bem. Lá acontecem reuniões que, pela falta de decência e postura, causam inveja à mais reles mesa de botequim. Em meio à lama e ao lodo dos lagos costumam nascer flor de lótus. Poucas. Resta a esperança. Tomara que o povo do céu não esqueça de dar uma olhadinha para a ilha solitária de mil sotaques cantada por um Poeta do Ceará.
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