Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo domingo, 05 de abril de 2020

BRASILEIROS CONFINADOS EM NAVIO NA ITÁLIA NÃO SABEM QUANDO VÃO PODER VOLTAR PARA CASA

 

 

Brasileiros confinados em navio na Itália não sabem quando vão poder voltar para casa

Eles estão isolados em suas cabines há doze dias, reclamam de falta de assistência e podem ter de cumprir mais uma quarentena em Milão ou Roma
 
Lara e o marido, Vitor, no cruzeiro atracado em Civitavecchia, na Itália Foto: Arquivo pessoal
Lara e o marido, Vitor, no cruzeiro atracado em Civitavecchia, na Itália Foto: Arquivo pessoal
 
 

RIO - A pediatra Lara Junqueira Zacaron tinha acabado de se formar pela Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora, após dois intensos anos de residência, com plantões redobrados na Santa Casa de Misericórdia, também em Juiz de Fora. Ela e o marido Vitor Santos Mockdece, empresário, ambos de 26 anos, estavam juntando dinheiro para realizar a viagem dos sonhos, a da lua de mel. Começaram nas Ilhas Maldivas, passaram por Dubai e depois embarcaram no cruzeiro Costa Victoria. Teriam mais 22 dias de celebração entre Omã, Israel, Jordânia, Grécia, Croácia e Italia.

— Mas a lua de mel virou um pesadelo — conta Lara, por telefone, de dentro da sua cabine onde está em isolamento desde o dia 23.

O cruzeiro Costa Victoria está atracado no porto de Civitavecchia, na Itália após única parada turística em Omã e outra, na Grécia, apenas para o desembarque de uma passageira, argentina, que estava com os sintomas da Covid-19. Seu teste teria dado positivo e desde então todos os passageiros do navio entraram em isolamento. Eles foram impedidos de desembarcar porque a Itália fechou seus portos a embarcações estrangeiras para tentar evitar a propagação do novo coronavírus.

Navio Costa Victoria, atracado em Civitavecchia: passageiros de outras nacionalidades já desembarcaram mas os brasileiros, 10 turistas, e seis tripulantes, ainda estão confinados. Foto: GUGLIELMO MANGIAPANE / REUTERS
Navio Costa Victoria, atracado em Civitavecchia: passageiros de outras nacionalidades já desembarcaram mas os brasileiros,
10 turistas, e seis tripulantes, ainda estão confinados. Foto: GUGLIELMO MANGIAPANE / REUTERS

 

Lara diz que a empresa lhe informou que haviam entrado em contato com o governo brasileiro para repatriá-los mas até agora não obteve nenhuma informação concreta sobre o processo.

 

— Estamos em um país que não é o nosso e dá muita insegurança. Não nos falam nada, não sabemos nada. Mas achamos estranho porque vários outros turistas já deixaram o navio e voltaram para suas casas. Por que a gente continua por aqui? E mais: por que nos disseram que temos de ficar mais 14 dias em um hotel em Milão ou Roma e não seguir direto para o Brasil se estamos em isolamento? Ainda mais em Milão. Vamos correr mais riscos — questiona Lara, que disse que o navio, que tinha cerca de 700 pessoas, já está com bem menos gente.

Ela e o marido estão confinados em sua cabine há 12 dias. Recebem três refeições por dia, na porta do quarto, e não podem circular pelo navio. As únicas vezes que saem do isolamento são para medir a temperatura, diariamente, em um grande salão, sob supervisão das autoridades sanitárias do país.

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Ela manteve contato com outros brasileiros que estão a bordo por WhatsApp. Ao todo, são 16 brasileiros, sendo seis tripulantes (segundo o Ministério das Relações Exteriores). Lara conta que, por sorte, sua cabine tinha janela mas que não era o caso de todos eles — após reclamações e divulgação de videos nas redes sociais, eles foram levados para cabines com varanda e com mais conforto.

 

— Tentamos controlar a ansiedade mas como não nos falavam nada e vendo outras pessoas deixarem o navio, um dos brasileiros, que tem chip internacional, ligou na Embaixada do Brasil e descobrir que eles não sabiam da nossa situação. Se as regras são rigidas na Italia, que é a unica coisa que nos falam, por que só com a gente?

Lara e Vitor posam no cruzeiro: eles ainda não têm informações sobre como poderão voltar para casa Foto: Arquivo pessoal
Lara e Vitor posam no cruzeiro: eles ainda não têm informações sobre como poderão voltar para casa
Foto: Arquivo pessoal

 

Sem janela

A arquiteta de tecnologia Ligia Cossina, de 36 anos, que também está no navio junto com o marido Thiego Paes, gerente de projetos, de 34 anos, ficou oito dias em isolamento em uma pequena cabine interna, sem janela.

Disse que desde o início, a viagem apresentou algumas alterações no roteiro, mas a empresa "encorajou e prometeu" cumprir com os destinos. Eles embarcariam nas Ilhas Maldivas mas começaram a viagem em Dubai, por exemplo. Explicou que o avaço da doença foi muito rápido e que quando iniciaram a viagem o quadro mundial era outro, sem epicentros na Europa.

— Foi muito estressante oitos dias numa cabine de 20 metros quadrados. Mas, depois que o nosso caso veio à tona, na internet, a empresa nos colocou em outra cabine e mudou o tratamento em relação a gente. Nosso drama, nesse momento, mesmo após 12 dias de quarentena e com tomada de temperatura diária, é ter de ficar mais 14 dias na Italia. Temos pessoas do grupo de risco no nosso grupo e não tem cabimento cumprir mais uma quarentena na Italia — desabafa Ligia, lembrando que o barco tem bandeira Italiana e está atracado em importo na Italia. — Todos os brasileiros estão saudáveis.

 
Lígia e Thiego (à esquerda) ao lado de Lara e Vitor (à direita) no interior do cruzeiro Foto: Arquivo pessoal
Lígia e Thiego (à esquerda) ao lado de Lara e Vitor (à direita) no interior do cruzeiro Foto: Arquivo pessoal

 

Na última sexta-feira, o Cônsul-Geral do Brasil em Roma, Afonso Carbonar, acompanhado de funcionário diplomático do consulado, esteve em Civitavecchia para conversar com os brasileiros retidos e com as autoridades italianas competentes. Segundo Lara, eles não sabiam, ao certo, como os brasileiros estavam.

Questionado, o Ministério das Relações Exteriores disse que "acompanha com atenção a situação dos 10 viajantes e 6 tripulantes brasileiros a bordo do Costa Victoria".

Informaram ainda que o Consulado-Geral do Brasil em Roma "está há vários dias em contato com os passageiros brasileiros e que a operadora do cruzeiro e as autoridades locais enfrentam uma série de dificuldades para desembarcar os passageiros, em vista da falta de acomodações para quarentena de 14 dias em um dos hotéis-hospitais da região (exigida pelas autoridades italianas). Até o momento, não foi possível lograr dispensa da exigência de quarentena para embarque imediato ao Brasil."

A pasta confirmou que já foram repatriados cerca de 10.500 brasileiros por causa da pandemia do coronavírus. Explicaram qie as operações dependem "de complexas tratativas com os governos locais para a suspensão temporária de medidas restritivas, tais como fechamento de aeroportos, toques de recolher, quarentenas, etc".


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