Thiago Maia e Rodrigo Caio atônitos com a derrota do Flamengo para o Fortaleza, no Maracanã — Foto: Marcelo Theobald
Há cerca de 20 dias, quando o Flamengo empatou com o Ceará e Paulo Sousa sofria forte pressão, havia uma expectativa interna de que a sequência de cinco jogos no Maracanã (sem desgaste com viagens e sem o excesso de desfalques que vinha tendo) ajudaria a equipe a buscar a tão cobrada evolução. Passado este período, o saldo não parece ser positivo. O time obteve uma sequência de quatro vitórias sem atuações consistentes, e, após a derrota (2 a 1) para o Fortaleza, prevaleceu a impressão de que não houve avanços.
O resultado não agradou a torcida. Mas, não fossem os erros individuais e coletivos tão corriqueiros, o placar poderia ser interpretado como um ponto fora da curva. Ainda mais por se tratar do Fortaleza, adversário cuja qualidade é reconhecida por todos, apesar da má colocação na tabela do Brasileiro.
O jogo deste domingo apresentou um conjunto dos principais problemas do Flamengo com Paulo Sousa. Ironicamente, o primeiro com a semana inteira para recuperação e treinos. Até agora, o time não parece ter assimilado uma estratégia de jogo e aposta mais na qualidade individual dos jogadores. Como consequência, em diversos momentos comete pecados como o de não ter amplitude, o que o deixa sem opção de virada no terço final do campo, e, principalmente, de falhar na transição defensiva, tornando-se presa fácil para ligações diretas.
As falhas individuais, como Paulo Sousa gosta de destacar em suas coletivas, também são um problema frequente. E acabam sabotando o time como um todo. Neste domingo, Willian Arão abusou dos passes errados. Como o que parou nos pés de Matheus Jussa e terminou no gol de Robson, aos 27 do primeiro tempo. João Gomes também não foi bem neste quesito. E o Flamengo passou todo o primeiro tempo sem saída de bola. Pedro e Bruno Henrique ficaram isolados na frente.
Na defesa, Pablo teve uma tarde irreconhecível. Errou passes, tempo de bola e posicionamento. Não por acaso, ele e os dois volantes foram sacados já no intervalo.
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Mas os erros não foram exclusividades do trio. Ayrton Lucas foi uma avenida pela esquerda. E Matheuzinho, embora não tenha comprometido no mesmo nível, nem sempre conseguiu acompanhar as investidas do Fortaleza pelo seu lado.
O time só não desceu para o intervalo atrás no placar porque o adversário teve dificuldade para concluir e porque Éverton Ribeiro, o mais lúcido da equipe rubro-negra, empatou no último lance do primeiro tempo.
O Flamengo do segundo tempo conseguiu errar um pouco menos e levar mais perigo na frente. As entradas de Vitinho e Thiago Maia deram ao meio de campo mais conexão entre os jogadores e levaram a equipe a empurrar o Fortaleza. Mas, tirando o pênalti desperdiçado por Pedro logo no começo, o gol nunca pareceu estar próximo.
A melhora ofensiva não foi acompanhada de mais solidez atrás. Hugo Sousa chegou a fazer duas defesas difíceis antes de sofrer o segundo gol, de Hércules, já nos acréscimos. No lance, havia seis jogadores do Flamengo dentro da área. Mas todos voltados apenas para a tentativa de ataque pela esquerda. Sozinho no centro, o volante teve toda liberdade para aproveitar o rebote. Mais do que a frustração pela derrota, o jogo terminou marcado pela falta de perspectiva para o futuro.