16 de setembro de 2021 | 08h00
Eliminado da Copa do Brasil depois de perder para o Fortaleza por 3 a 1, nesta quarta-feira, no Castelão, o São Paulo vive o momento mais crítico da temporada. Com chances remotas de conquistar outro título até o fim de 2021, restou para o time do técnico Hernán Crespo lutar para não ser rebaixado no Campeonato Brasileiro, única competição que tem para jogar até o fim do ano. A equipe soma apenas 22 pontos e ocupa a 16º posição. É o primeiro time fora da zona de rebaixamento, onde já esteve. O América-MG, na 17ª colocação, tem um ponto a menos.
Além do prejuízo esportivo de deixar escapar uma chance de título de um torneio que nunca ganhou e de classificação para a próxima Copa Libertadores, fracassar na Copa do Brasil também traz prejuízos econômicos ao cofre do São Paulo. O clube deixará de embolsar R$ 7,3 milhões por não avançar para a semifinal. A competição paga ao campeão R$ 56 milhões e R$ 23 milhões ao vice, valores que poderiam trazer um alívio para o time do Morumbi, que se encontra hoje com uma dívida de mais de R$ 600 milhões - só para Daniel Alves tem de pagar R$ 12 milhões. O jogador não joga mais no clube.
Além da dívida e da incômoda situação de rondar a zona de rebaixamento no torneio nacional, o São Paulo ainda carrega o peso do excesso de lesões que tem atrapalhado a equipe ao longo da temporada e também a má fase individual de alguns atletas, como o goleiro Tiago Volpi, que voltou a falhar numa partida. Outros jogadores também não estão em boa fase.
Apesar disso, o técnico Hernán Crespo não corre risco de ser demitido. Não por enquanto. Ao menos, foi o que garantiu a diretoria após a derrota. Em entrevista coletiva após a partida contra o Fortaleza, o diretor de futebol Carlos Belmonte demonstrou estar satisfeito com o trabalho do treinador argentino até o momento. "Eu acredito que o São Paulo não fez uma boa partida, mas o fato é que temos acompanhado o trabalho que tem sido feito pelo Crespo e temos convicção de que ele vai nos trazer resultado", afirmou.
"O que eu acredito é que temos de continuar com a convicção, com o trabalho. Era um ano que sabíamos que seria de transição, um ano que trabalharíamos a remodelagem do elenco. Estamos fazendo isso ao longo de toda a temporada. Então, basta que a gente continue acreditando e trabalhando. Nós sabemos o que tem sido feito e temos a convicção de que o caminho é correto", completou o diretor são paulino. No começo do ano, o coordenador de futebol, Muricy Ramalho, disse com todas as letras que o São Paulo não tinha dinheiro para nada.
O apoio ao trabalho de Crespo se estende também ao presidente do clube. Antes mesmo da partida contra o Fortaleza, o presidente Julio Casares publicou em sua rede social um texto afirmando que o técnico argentino permanece à frente do comando da equipe independentemente do resultado. "Para afastar de vez qualquer infeliz especulação, reafirmo que independentemente de resultados, o técnico Hernán Crespo seguirá normalmente o nosso planejamento no comando técnico da equipe. Seguiremos a nossa convicção profissional e o que foi traçado com o departamento de futebol", escreveu.
Crespo acredita que, mesmo em uma situação difícil no Campeonato Brasileiro, o time pode conquistar uma vaga para a próxima Copa Libertadores. "Sei que é muito difícil, mas eu acredito. Acredito que ao final será um ano positivo, em que vamos lutar para conquistar uma vaga para a Copa Libertadores e poder construir um próximo ano melhor", afirmou o treinador.
Contudo, para conquistar esse objetivo a comissão técnica precisa resgatar o futebol competitivo que o time apresentava no primeiro semestre, nos jogos do Estadual e nas primeiras partidas da Libertadores. A queda de rendimento e intensidade da equipe, sobretudo nas partidas decisivas dos torneios mata-mata, levou o São Paulo às eliminações da Copa Libertadores e, agora, da Copa do Brasil.
As partidas importantes de ambas as copas, disputadas no meio da semana, fizeram o treinador argentino optar por poupar atletas no Campeonato Brasileiro e mandar a campo formações muito modificadas de uma rodada para a outra. Para serem preservados fisicamente, jogadores como Benítez e Rigoni, que costumam decidir vitórias para São Paulo, têm iniciado as partidas no banco de reservas no torneio nacional.
Além disso, o rodízio de atletas também sido praticado de forma constante por conta do excesso de lesões que o time tem sofrido. Foram mais de 30 durante a temporada. A presença de jogadores no Departamento Médico, sendo alguns deles peças importantes do elenco, como Luciano — que ficou afastado por dois meses por causa de lesão na coxa esquerda —, também obrigou Crespo a alternar as escalações iniciais da equipe no Campeonato Brasileiro.
O problema de lesões não foi aliviado nem mesmo quando as competições foram paralisadas por duas semanas por causa das partidas das Eliminatórias da Copa. Depois da derrota para o Fluminense no último domingo, dia 12, Crespo admitiu que não foi possível recuperar nenhum jogador durante o período sem jogos.
Às vésperas da partida contra o Fluminense, o São Paulo teve de lidar com outra crise. Na última sexta-feira, dia 10, Carlos Belmonte, ao lado do executivo de futebol, Rui Costa, e do coordenador de futebol, Muricy Ramalho, comunicou que Daniel Alves não era mais jogador do São Paulo. Por meio de representantes, o lateral havia avisado a diretoria do clube que não jogaria mais pelo time enquanto parte dos seus salários devidos não fosse paga.
Soma-se a tudo isso a má fase de jogadores como Tiago Volpi, que tem sido criticado pela torcida nas redes sociais por falhas cometidas nos últimos jogos. Os torcedores acusam que as más atuações do goleiro têm sido determinantes para o São Paulo não vencer as partidas e avançar nas competições. Contudo, apesar de não poder contar mais com a experiência de Daniel Alves nesse período conturbado, o São Paulo se reforçou para o restante da temporada com o volante Gabriel Neves, que chegou por empréstimo do Nacional, do Uruguai, e com o atacante Calleri, desejo antigo da torcida tricolor.
Restando 19 partidas para o fim do Campeonato Brasileiro, incluindo o jogo atrasado contra o América-MG, o São Paulo precisa encaixar uma boa sequência de resultados para se afastar, de vez, do risco do rebaixamento. O primeiro passo para isso será contra o Atlético-GO, no domingo, dia 19, às 16h, no Morumbi.