09 de junho de 2022 | 09h35
A derrota do Flamengo por 1 a 0 para o Red Bull Bragantino, nesta quarta-feira, pelo Brasileirão, pode ter sido a gota d'água para a demissão do técnico Paulo Sousa, cuja situação é cada vez mais insustentável. Em seis meses no clube carioca, o treinador português coleciona insucessos, se envolveu em polêmicas e perdeu total confiança da torcida, sendo constantemente xingado nas arquibancadas. Parte da diretoria também o quer fora.
O ambiente ruim vivido por Paulo Sousa ficou evidente durante sua entrevista coletiva após o revés em Bragança Paulista, o quarto neste Brasileirão, que pode deixar o Flamengo a sete pontos da liderança caso o Palmeiras derrote o Botafogo nesta quinta-feira. A equipe rubro-negra tem apenas 12 pontos, estando a um do Z-4. Paulo Sousa era a cara do desânimo.
"Há coisas que eu não posso controlar, e essas são aquelas com as quais menos gasto energia. Tento trabalhar com os rapazes da melhor maneira que eu sei para tentarmos sermos competitivos e ganharmos jogos. Por isso, tudo aquilo que se comenta e se escreve, com todo respeito, é algo que não posso controlar. Daí o meu foco exclusivamente é analisar meus rivais, passar com clareza os comportamentos dos adversários para o nosso time e tomar decisões para ganhar partidas", disse Paulo Sousa, em tom de despedida.
Apesar de já não gozar de prestígio com a diretoria, que desde o início da temporada bancou a escolha pelo treinador, Paulo Sousa segue no comando da equipe e deve viajar com o grupo para Atibaia, onde o elenco busca se "exilar" para trabalhar com mais tranquilidade. Sem um substituto em vista, a cúpula rubro-negra ainda terá de arcar com uma multa em torno de R$ 7,7 milhões caso opte realmente pela demissão do técnico lusitano. O valor é referente ao que ele ganharia até o fim de 2022, quando acaba o seu contrato.
Paulo Sousa foi anunciado pelo Flamengo em dezembro, substituindo Renato Gaúcho. O treinador comandava a Polônia, do astro Robert Lewandowski, e se preparava para a Copa do Mundo quando aceitou a proposta dos dirigentes rubro-negros, que ficaram cerca de um mês na Europa buscando um nome ideal para o time. De lá para cá, foram 32 jogos, com 19 vitórias, sete empates e seis derrotas, com os vices da Supercopa do Brasil, para o Atlético-MG, e do fraco Campeonato Carioca, com derrota diante do Fluminense.
Em seis meses na Gávea, Paulo Sousa ainda colecionou duas polêmicas. A primeira foi com o goleiro Diego Alves, com quem se desentendeu por "falhas na comunicação", segundo o próprio treinador, e viveu uma verdadeira lavação de roupa suja em público. Com o veterano preterido e Santos machucado, a escolha por Hugo Souza, constantemente questionado, também pesou. A outra foi com Jorge Jesus, treinador compatriota amado pela torcida do Flamengo, que se "ofereceu" ao clube no último mês — colocando prazo, inclusive — e colocou ainda mais pressão sobre o títular.
O Flamengo volta a campo no sábado, quando enfrenta o Internacional, no Beira-Rio, às 21h, pelo Brasileirão.