O apelido Predestinado dado a Gabigol pelos gols na final da Libertadores de 2019 não perde a validade. O atacante já não é mais o mesmo de seis anos atrás. No próprio Cruzeiro, aonde chegou como estrela, não tem sido titular. E, no aguardado primeiro reencontro com o Flamengo, só entrou aos 43 do segundo tempo. Mas o destino tratou de dar a ele a oportunidade de brilhar. E ele não desperdiçou, decidindo, de pênalti, a vitória por 2 a 1 pelo Campeonato Brasileiro.
— Talvez vocês tenham que aceitar que eu tenho um pouquinho de estrela — brincou ao falar na saída de campo. — Estou sempre pronto quando precisar. Podem ser três, quatro minutos. Papai do céu tem algo especial comigo, e sempre acontecem coisas assim.
—Respeito pelo Flamengo é total. Foi o time em que mais joguei, que me deu tudo. Vejo todos os jogos. Quando é campeão, comemoro também. Falo com muitos jogadores, com a comissão técnica... O que aconteceu comigo foi com um presidente, não foi com o resto das pessoas e com o clube em si. É um carinho especial — explicou Gabi, referindo-se à gestão anterior, de Rodolfo Landim. — Mas o Cruzeiro tem tomado o meu coração. Meu coração está azul.
Mensagens de amor à parte, Gabigol fez um estrago no ex-clube. Seu gol acabou com a invencibilidade da equipe no Brasileirão e ainda a tirou da liderança. Com 14 pontos, o rubro-negro foi ultrapassado pelo Palmeiras, que chegou a 16, e agora é o segundo. No sábado, recebe o Bahia, no Maracanã. Mas, antes, na quarta-feira, visita o Central Córdoba, pela Libertadores. Na Argentina, o time não tem mais margem para tropeços.
Ver o Flamengo perder com gol do ídolo provavelmente é o que mais frustrou a torcida. Mas o técnico Filipe Luís precisa se preocupar é com outros fatores. Como a dificuldade para lidar com a marcação sob pressão e a queda brusca de intensidade na etapa final.
Foi um primeiro tempo de bom nível técnico dos dois lados. O Flamengo sofreu um gol cedo, de Kaio Jorge, aos 14. Mas soube reagir e se livrar da marcação cruzeirense, principalmente com uma maior aproximação entre os jogadores e saídas em velocidade. O golaço de Arrasceta, aos 43, em jogada que contou com participação importante de Gerson e Cebolinha, deixou o placar mais condizente com o que era a disputa.
Ainda assim, quando Gabi entrou, aos 43, o empate parecia sacramentado. As substituições deram gás para o Fla não ser mais imprensado, e o time inclusive teve chance de virar. Até que Leo Pereira (que já havia falhado no confronto com Kaio Jorge no primeiro gol) cometeu pênalti em Eduardo, aos 48.
Cobrador do Cruzeiro, Gabigol chegou a ter seu chute defendido por Rossi. Mas o goleiro não conseguiu espalmar a bola para o lado e deu rebote na frente do atacante. Era o destino.