Há 12 anos o Vasco não vencia quatro seguidas no Brasileirão. A escrita foi quebrada ontem, com vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-GO, no Antonio Accioly. O gol de David, em jogo complicado e amarrado na primeira etapa, levou o cruz-maltino aos 23 pontos e à nona colocação. E reforçou a identidade de um time que sabe o que quer e os caminhos para ser competitivo e almejar a parte de cima da tabela. Foi também a segunda vitória fora de casa do cruz-maltino neste campeonato.
Com Philippe Coutinho e Payet ainda aprimorando a forma física, Rafael Paiva manteve a forma com que vem abordando as últimas partidas: um meio-campo forte em combate e saída de bola que facilite as transições em velocidade.
Não à toa, as melhores chances em chutes de longe vinham dos meias, que encontravam espaços para buscar o gol quando viam os jogadores de lado terem as linhas fechadas.
Frustrações e recompensa
O primeiro tempo, sem gols, foi protagonizado pela arbitragem. Dois lances quase seguidos tiveram intervenção do VAR: primeiro, num puxão sutil de Adriano Martins em Vegetti dentro da área. Quatro minutos de checagem no monitor depois, pênalti marcado por Matheus Candançan. Vegetti desperdiçou a cobrança, bem defendida pelo goleiro Ronaldo.
Instantes depois, o camisa 99 encontrou David pela esquerda, em chute cruzado que atravessou a área. O camisa 7 só rolou para trás e Praxedes balançou as redes. Mas o gol acabou bem anulado por impedimento de Vegetti no início da jogada.
A sequência de frustrações somada a um breve domínio do Atlético — com grande chance de Rhaldney parada por Léo Jardim e pela trave — poderia desanimar o Vasco, mas se há uma qualidade a exaltar no time de Paiva é a resiliência. O cruz-maltino teve toda a concentração para fechar bem o intervalo e voltar com a mesma intensidade no segundo tempo.
Assim chegou ao gol de David, que fez ótimo jogo e foi recompensado: recebeu de Hugo Moura nos espaços que já vinham aparecendo na entrada da área e bateu firme, no cantinho de Ronaldo, no seu segundo gol no Brasileirão.
A partir dali, o Vasco ligou o modo estratégico, como já havia feito no Beira-Rio, contra o Internacional, quando conquistou sua primeira vitória fora de casa.
Paiva colocou o meia Galdames no lugar de Adson, que já vinha como dúvida antes da partida. Pouco depois, lançou JP e Rayan. O segundo acabou não conseguindo transformar a melhor oportunidade de ampliar em gol, desarmado pela defesa do Dragão.
Na vice-lanterna, o time da casa aproveitou o momento de mudanças e adaptação do cruz-maltino e ficou mais com a bola, mas sofreu para criar oportunidades claras de empatar.
Ao Vasco, fica a impressão de que as chegadas de Coutinho, Alex Teixeira, Souza e Emerson Rodríguez, bem como a recuperação de Payet, fortalecerão um elenco que conhece cada vez mais sua identidade e seus pontos fortes. E que, independentemente de desafios de encaixe, precisa de opções para ficar ainda mais forte na sequência do campeonato.