Exatos seis meses depois de conquistar o título da Libertadores da América, o Fluminense vive um momento conturbado dentro e fora de campo. Herói da conquista, John Kennedy está afastado por tempo indeterminado. O futebol que encantou o continente já não está no mesmo nível, e de quebra, o Tricolor ainda terá como rival, neste sábado, em Cariacica, no Espírito Santo, uma equipe que joga o melhor futebol do país no momento, com um técnico que passou pelo caminho do Flu: o Atlético-MG de Gabriel Milito.
Em 2023, nas oitavas de finais da Libertadores, Fluminense, treinado por Fernando Diniz e Argentinos Jrs, comandado por Gabriel Milito, fizeram dois grandes jogos de mata-mata. Na ida, em Buenos Aires, um empate em 1 a 1. Na volta, o Tricolor venceu por 2 a 0 e deu um passo rumo ao título inédito.
Em um podcast recente, Gabriel Milito teceu elogios a Fernando Diniz e relembrou como foi a preparação técnica e tática para o confronto entre seu time e o Fluminense.
— Jogamos em casa e sentíamos que precisávamos jogar com dois atacantes. O Fluminense era um time muito bom, que fazia algo que nunca havia acontecido comigo, que era acumular jogadores nas laterais. Além disso, o ponta esquerdo, Arias vinha jogar com o ponta direito, no mesmo lado. Juntavam muita gente e você, para se organizar, ou ao menos igualar a quantidade de jogadores que eles tinham, mais a qualidade que tinham, você tinha que colocar um líbero. Nosso líbero às vezes joga de 6, às vezes de 2, mas nunca de 3 ou de 4. Esse dia, em casa, tinha que jogar de 3 ou de 4, porque iam levá-lo para fora de posição, o que nunca havia acontecido. Mas era a única forma que tínhamos de compensar jogando com dois atacantes - afirmou aos microfones do podcast "Clank!".
Mas agora o momento é outro. O Fluminense, apesar de ter conquistado o título da Libertadores, vive um momento de grande instabilidade na temporada e, nem de longe, desempenha o mesmo nível de futebol de 2023. Por outro lado, Gabriel Milito agora é técnico do Atlético-MG, e em um mês de trabalho, fez o time mudar da água para o vinho e potencializou o desempenho da equipe.
— O fato de o Atlético ter dado liga em tão pouco tempo surpreende a todos. Mas o que podemos deduzir é que Milito soube convencer o grupo da sua ideia de jogo e todos se comprometeram a executá-la. Nas entrevistas, jogadores deixam claro que agora sabem onde os companheiros estão posicionados; e isso ajuda muito dentro de campo. Atletas e diretoria afirmam que o argentino é fora da curva também como ser humano e no trato no dia a dia - diz Henrique André, setorista de Atlético-MG na 'Itatiaia Esporte'.
— Pelo que acompanho dos outros times, acho sim que hoje o Atlético é o que joga melhor. O próprio Flu do Diniz, que era um candidato a esse posto, vive instabilidade, o Flamengo do Tite não encanta, o Palmeiras do Abel também não. Então, por bola jogada, acho que é o Galo mesmo. A evolução é bem notório, principalmente se comparada com o que era apresentado por Felipão. O Galo dá gosto de ver jogar, vive um momento em que, atleticano ou rival, para pra ver o time. Mas, como diz o próprio Milito, ainda tem margem de melhora, principalmente defensivamente - afirma Alecsander Heinrick, repórter setorista de Atlético na 'Trivela', que também acrescenta ao citar pontos fortes do Galo que podem gerar perigo ao sistema defensivo do Fluminense, que tem sofrido bastante nesta temporada, principalmente após a saída de Nino.
— Acredito que a velocidade para atacar que o Atlético tem pode ser o diferencial para o time nesse jogo, principalmente analisando que a defesa do Fluminense não tem jogadores muito rápidos. As inversões de jogo do Arana pro Scarpa e os lançamentos para Hulk e Paulinho nas costas da defesa, além das triangulações rápidas feitas, podem ser o principal pesadelo do Flu. Os alas (Scarpa e Arana), sem dúvidas são as armas principais. Além de já serem excelentes jogadores por natureza, vivem uma fase espetacular - pontuou o jornalista da 'Trivela'.
A tendência para o duelo deste sábado é um jogo bem aberto, com as duas equipes em busca do gol a todo momento. Não é para menos, já que os dois técnicos prezam pelo futebol ofensivo e pela posse de bola.
— Acho que será um jogo aberto, de duas equipes que não sabem só defender; que não gostam de esperar o adversário. Pelo momento, o Galo entra mais confiante. Mas, sinceramente, não creio que isso possa ser traduzido como favoritismo - opina Henrique André, da 'Itatiaia Esporte'.
Por outro lado, Heinrick acredita que justamente a boa fase do Atlético em comparação ao momento conturbado do Fluminense pode ser o fator que eleve o favoritismo para o Galo no duelo deste sábado, em Cariacica.
— O momento é todo do Milito, mas, pelo que vimos quando eles se enfrentaram ano passado pela Libertadores, e pelo que o próprio argentino falou depois, de que o Diniz fez coisas que ele nunca havia precisado marcar, acho que veremos algo bem equilibrado. É um jogo que promete muito taticamente, e agora o Milito tem jogadores de mais qualidades que no ano passado, por isso, apesar do equilíbrio, coloco uma ligeira vantagem para o treinador do Galo, digamos que 52% a 48% - palpitou.
Fluminense e Atlético-MG medem forças neste sábado, às 16h (horário de Brasília), no Estádio Kléber Andrade, em Cariacica, no Espírito Santo, em jogo que abre a 5ª rodada do Campeonato Brasileiro.