A noite de hoje traz o último clássico do Rio de Janeiro em 2024: Botafogo e Vasco se enfrentam às 21h30, no Nilton Santos, pela 32ª rodada do Brasileirão. Do lado cruz-maltino, a vitória vale ainda mais gás na luta por uma possível classificação à pré-Libertadores. Já do lado do líder alvinegro, que pode abrir seis pontos do Palmeiras, é mais uma etapa na busca pelo título brasileiro, mas contra um tipo de “pedra no sapato”.
Isso porque o Vasco é o único rival contra o qual o Botafogo não conseguiu melhorar seu retrospecto após a transformação em SAF e venda à Eagle Football de John Textor, que mudou o panorama alvinegro. Pelo contrário, viu o desempenho cair de 66,6% de aproveitamento para apenas 26,6%. Os dados são de um levantamento do GLOBO, que leva em conta os jogos do alvinegro contra Flamengo, Fluminense e Vasco a partir do Brasileirão de 2022, quando o clube passou a ser oficialmente uma SAF. O aproveitamento é comparado ao mesmo número de partidas no período imediatamente antes da transformação no futebol.
Meses depois, o Vasco também se transformou em SAF, processo oficializado em setembro daquele ano, quando a 777 Partners passou a controlar oficialmente o futebol. Promovido à Série A na ocasião, o clube voltou a disputar clássicos a partir do início da temporada 2023. A empresa americana está afastada na Justiça desde maio, mas o cruz-maltino segue no modelo clube-empresa enquanto tenta resolver o litígio em um processo arbitral.
Melhora geral nos clássicos
Os rivais que se enfrentam hoje à noite viram o desempenho contra os rivais regionais crescer no panorama geral. O cruz-maltino tem aproximadamente o dobro de aproveitamento, enquanto o alvinegro mais que dobrou.
O Botafogo viu o rendimento subir mais de dez vezes contra o Flamengo e quase quatro vezes contra o Fluminense, para o qual só perdeu uma vez no “pós-SAF”. Já o Vasco mais que dobrou o desempenho contra o Fluminense e aumentou levemente o aproveitamento contra o Flamengo, com um empate a mais no período.
Clássicos à parte, a principal diferença tem sido nos rumos a que essa mudança de modelo levou os clubes. O Botafogo liderou o último Brasileirão até a reta final. Uma temporada depois, é finalista da Libertadores e está novamente na disputa pelo título nacional. Já no Vasco, o 2023 foi de luta contra o rebaixamento e o 2024 melhorou alguns meses depois do afastamento dos americanos e com o comando passando a ser do presidente Pedrinho. Mas, agora, o clube se vê de frente à situação financeira delicada da qual tentou se livrar ao se transformar em SAF.
Ativos importantes
Foi durante esses períodos que os clubes obtiveram alguns dos seus ativos mais importantes. O Botafogo, que vê crescer o interesse europeu por Igor Jesus, cerca o centroavante de nomes de peso como Almada e Luiz Henrique, jogadores que custaram mais de R$ 100 milhões cada. Ao mesmo tempo, a boa situação financeira e esportiva permitiu ao clube explorar o mercado. O zagueiro Bastos, que está fora da partida pelo terceiro cartão amarelo, é um dos exemplos de acertos de baixo custo. Será substituído por Adryelson.
No Vasco, a mudança de realidade possibilitou chegadas como a do artilheiro Pablo Vegetti (contratado em 2023), que volta ao time depois de cumprir suspensão pelo terceiro cartão amarelo contra o Bahia. Assim como o volante Hugo Moura, outra aquisição do “pós-SAF”.
Os maiores símbolos desse período, porém, estão no meio: Payet e Philippe Coutinho. Contratações de alto custo, impensáveis para a realidade anterior do cruz-maltino. O francês deve voltar a ser titular após a exibição de gala contra o Bahia. Coutinho, que não jogou contra o tricolor, deve ser preservado fisicamente novamente.