Oscilação é um fator natural no futebol, principalmente na situação do Vasco, com uma equipe reformulada no segundo semestre e que a cada rodada pisa em ovos na luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Mas a lição que a derrota por 2 a 1 para o Internacional, ontem, em São Januário, deixa é que a falta de opções para mudar o jogo cobra o seu preço.
O que fazer em uma partida em que Vegetti fica isolado no ataque? Que Paulinho, peça mais regular no meio-campo, tem atuação irregular? Que as pontas, em que se alternam Gabriel Pec e Payet, têm dificuldades para tornar claras as jogadas? O Vasco já tinha poucas respostas no banco de reservas, e a situação ficou ainda pior com as lesões de Rossi e Marlon Gomes, fora do clássico e do confronto de ontem diante dos gaúchos. Contra o Flamengo, o time compensou com uma ótima e intensa atuação. Ontem, pagou esse preço perdendo uma chance de sair do Z4.
Dois expulsos
Isso porque, o Goiás, adversário de domingo em confronto direto na Serrinha, havia perdido para o Fluminense. Bastava uma vitória para deixar a zona de rebaixamento, que não veio. E se a presença da dupla lesionada não é certeza em Goiânia, a expulsão de Paulinho no fim do jogo de ontem tornou a situação ainda pior. O segundo amarelo também aplicado a Erick Marcus, em decisão rigorosa de Luiz Flávio de Oliveira, também encerra uma opção de mudança antes mesmo dela ser cogitada para a próxima partida. De qualquer forma, Ramón Díaz sinalizou mexidas.
— Agora temos confrontos diretos, com o Goiás temos que duelar, temos que mostrar a hierarquia que tivemos nesses dois jogos. Temos que manter a tranquilidade, competir, prepara-se bem rapidamente e se recuperar rápido. É uma partida decisiva. Na próxima partida, nós vamos replanejar a equipe que vai jogar porque precisamos fazer os pontos — afirmou o técnico após a partida.
Foi de Erick, insinuante e afiado no drible, o cruzamento para encontrar Alex Teixeira, como um centroavante, dentro da área e diminuir o placar, já aos 39 minutos do segundo tempo. O jogador de 33 anos, pouco aproveitado desde a chegada de Ramón Díaz, foi a segunda boa aposta da noite do técnico. Havia entrado em apenas dois jogos (Palmeiras e Santos) desde agosto.
Esses minutos finais de pressão foram o melhor momento de um Vasco que até fez bom segundo tempo. Levou gol em falha defensiva quando vinha bem na partida. Léo perdeu dividia para Enner Valencia na defesa e viu a bola ir de Bustos para o equatoriano fazer 2 a 0.
Minutos antes, o time havia chegado muito perto de empatar com Vegetti, parado em grande defesa de Rochet.
Golaço e abalo
A primeira etapa teve um desenho muito claro. O Inter soube resistir aos primeiros minutos de intensidade e pressão do Vasco, jogou melhor e de forma mais inteligente para dar a punhalada certeira em um lindo gol: uma cavadinha de Alan Patrick na entrada da área que deixou Maurício na cara de Léo Jardim. A dupla já vinha infernizando a defesa vascaína nos contra-ataques. Especialmente Maurício, em grande noite no um contra um.
A equipe cruz-maltina, que normalmente reage bem a cenários complicados, claramente se abalou. A partir daquele momento, o time se perdeu: foram falhas técnicas e de posicionamento em profusão, que deixaram o Inter à feição de ampliar. Enner Valencia chegou a fazer no rebote em boa jogada de Maurício, mas estava impedido. O próprio equatoriano ainda botou Léo Jardim para trabalhar pouco antes do intervalo.
Agora, o cruz-maltino tem mais nove rodadas para seguir remando. O objetivo segue alcançável, mas depois de apenas quatro pontos conquistados em quatro jogos seguidos no Rio, tem pela frente uma sequência complicada: dois confrontos consecutivos longe de seus domínios, contra Goiás e Cuiabá, depois faz o clássico diante do Botafogo e pega o Cruzeiro em Belo Horizonte. A boa notícia é que deve enfrentar o alvinegro em São Januário, aguardando apenas autorização oficial.