Propulsores de mudanças, seja para momentos e decisões positivas ou de situações de crise, os clássicos se colocaram no caminho recente de Vasco e Flamengo, que se enfrentam hoje à noite, às 20h, no Maracanã. No caso do rubro-negro, o Clássico dos Milhões é uma sequência de dois confrontos com o Fluminense pela Copa do Brasil, que ajudaram o time de Sampaoli a aplacar críticas e apaziguar o ambiente no Ninho do Urubu. Já para o cruz-maltino, voltar a encontrar o rival com quem mediu forças na semifinal do Campeonato Carioca pode mexer com a crise que estremece a Colina Histórica há pelo menos três semanas.
No Vasco, a busca por mudanças parte do ambiente interno. Em entrevista coletiva no início da semana, o diretor de futebol Paulo Bracks respaldou o trabalho do técnico Maurício Barbieri e prometeu “correções de rotas” no núcleo do futebol.
— Não planejamos estar nessa posição da tabela na oitava rodada. Tem muita gente que já cravou o fim do campeonato, mas estamos na oitava rodada e vamos corrigir rotas. (...) A avaliação de todos é diária. Meu trabalho, do Abel, do Barbieri, dos jogadores. Mas somos os nomes que tiraremos o Vasco dessa situação da tabela — afirmou Bracks.
Desde o sábado, no jogo contra o Fortaleza, já eram perceptíveis as tentativas por parte da comissão técnica de virar o momento ruim que colocou o time na zona de rebaixamento do Brasileirão. No Castelão, Paulo Henrique entrou no lugar de Pumita Rodríguez, enquanto Capasso voltou a ser testado na zaga, na ausência de Robson Bambu.
Capasso agradou e deve permanecer como titular, enquanto Pumita (autor de um golaço na última vitória sobre o Fla) retorna. Mas independentemente do bom desempenho do time na partida, pesou o novo resultado negativo, a derrota por 2 a 0, terceira seguida, que afundou ainda mais o time de Barbieri. Hoje, o técnico pode fazer mudanças: Orellano pode ganhar chance como titular.
Orellano pode ganhar chance como titular — Foto: Daniel Ramalho / Vasco
Uma maior frequência de bons resultados também está na mira de Jorge Sampaoli no Flamengo, que vinha de dois empates, um pelo Brasileiro (Cruzeiro) e outro pela Libertadores (Ñublense) em que o time teve atuações que variaram entre contundência e dificuldades. Há 13 jogos no comando do Flamengo, o argentino de 63 anos tenta imprimir seu estilo interpessoal e em campo, mas esbarra na pressão que envolve o clube.
— Gostaria que analisassem bem o jogo, o que menos falta é vontade, sinceramente. Um time que voltava rápido na transição. Não é um tema de vontade, é de jogo. O time não conseguiu jogar bem os 90 minutos e ser contundente. Sacrifício, vontade, retorno. Creio que isso tem melhorado muito. Quando resultado não vem, supõe-se algo — afirmou o técnico após o 1 a 1 com o Cruzeiro, na semana passada.
Questões de ambiente também são desafios para o treinador. Após a vitória sobre o Fluminense, Gabigol negou que haja uma divisão no elenco, enquanto Everton Ribeiro falou em “individualidades”.
Flamengo de Everton Ribeiro eliminou o Fluminense na Copa do Brasil — Foto: Alexandre Cassiano
Dúvidas e esperança
A vitória no clássico, que classificou o Flamengo às quartas da Copa do Brasil, aliviou parte dessas questões. Mas seguir vencendo o rival cruz-maltino e manter um cenário de dominância recente no confronto (são oito vitórias e duas derrotas nos últimos dez encontros) será essencial para que o bom momento do Flamengo se torne uma constante. Em especial com a visita do Racing-ARG, em jogo importantíssimo pelo grupo A da Libertadores, na quinta-feira.
Fabrício Bruno vive bom momento no Flamengo — Foto: Alexandre Cassiano
Para o clássico, há preocupação: com o próprio Gabi, que não treinou com um incômodo na perna esquerda, e com o zagueiro Léo Pereira, fora da partida, também com problema na coxa esquerda. Léo vinha sendo um dos destaques do rubro-negro nas últimas semanas, assim como o companheiro de defesa Fabrício Bruno, que chamou atenção por uma arrancada no Fla-Flu.
No Vasco, a dúvida é quanto ao jovem voltante Barros, que com um desconforto na coxa, pode ser substituído por Carbajal ou Matheus Carvalho. O retorno é de Pedro Raul. De todos os rivais que enfrentou com a camisa do Vasco, o centroavante ainda não marcou sobre o Flamengo. Não marca desde o clássico com o Fluminense (1 a 1),pela 4ª rodada, no início de maio. Terá um novo jogo grande para tentar voltar às redes e reencontrar a confiança. E dar ao cruz-maltino o alívio momentâneo que o rival viveu nos últimos dias.
Pedro Raul retorna de suspensão — Foto: Daniel Ramalho/Vasco