Há apenas quatro meses, o Flamengo goleava um combalido Vasco por 4 a 1 num Clássico dos Milhões que marcava a distância entre os rivais naquele momento. Ontem, no Maracanã, as coisas mudaram para quem gosta do futebol carioca bem jogado. Sob olhares de 64.524 pagantes — maior público do Brasileirão até aqui —, os dois voltaram a se enfrentar, agora em jogo equilibrado, movimentado e emocionante, à altura dos milhões de torcedores que dão nome à partida e que podem projetar futuros imediatos mais otimistas nesta reta final de campeonato. Melhor para o rubro-negro, que foi mais eficiente e voltou a vencer, desta vez por 1 a 0, com gol de Gerson.
No segundo jogo de Tite, a segunda vitória. O Flamengo voltou a mostrar o esboço de sua nova identidade: um time equilibrado, com ações mais cuidadosas e que sabe interpretar os espaços e transformá-los em lances de mais perigo no ataque.
Com a renovação por três anos encaminhada com o Flamengo, Bruno Henrique ajudou a tumultuar a defesa cruz-maltina na etapa inicial. Fez boa dupla com Arrascaeta, em seu primeiro jogo como titular sob Tite.
Chances cruz-maltinas
Com o resultado, o Flamengo chegou aos 50 pontos. Está firme na vaga direta na Libertadores, posta como objetivo por Tite. Mas, a nove pontos do líder Botafogo, ainda se permite sonhar com a chance de título. O time volta a campo na quarta-feira, contra o Grêmio, em Porto Alegre.
— A gente tem que ir a cada jogo como se fosse uma final. Neste clube, a gente não tem que brigar por Libertadores, tem que lutar pelo título. Nós sabemos que estamos em uma situação muito difícil. Mas temos que lutar até o fim — disse Arrascaeta.
Para o Vasco, o resultado é frustrante, uma vez que o cruz-maltino criou mais — foram 17 finalizações contra dez (sete a cinco nas que foram ao gol) — e chegou perto de abrir o placar em mais de uma oportunidade antes de ter as redes balançadas. Mas volta a mostrar que a competitividade desse time dá toda a condição para a fuga do rebaixamento.
Ontem, o time teve outra boa partida de Payet, solto e criativo pelo meio, alternando com Paulinho, que por vezes caiu pelas pontas. O francês encontrou Vegetti em lance de perigo no primeiro tempo. Pec também perdeu boa oportunidade.
A preocupação da tarde ficou por conta do novo sufoco nos minutos finais do primeiro tempo, como ocorre em várias partidas. O Flamengo dominou aquele momento do jogo, e só não saiu na frente com Fabrício Bruno porque Léo Jardim fez dois milagres, um desviando cabeçada para o travessão e outro tirando chute rasteiro no cantinho.
No segundo tempo, o time cresceu e se mostrou mais inteiro fisicamente que o rival, criando várias oportunidades, mas sem conseguir concluir bem. Acabou sofrendo o gol. Vegetti voltou a ter chance, a melhor do Vasco no jogo, mas viu Rossi fazer grande defesa ao mergulhar para cabecear cruzamento de Lucas Piton.
—No melhor momento do Vasco, saiu o gol do Flamengo. E isso gera desgaste aos jogadores, porque não conseguimos concretizar as chances. Esperamos chegar até o fim com essa intensidade — resumiu após a partida o técnico cruz-maltino Ramón Díaz, confiante nos frutos do seu trabalho.