Um time não confiável como o Flamengo de 2023 conseguiu chegar na antepenúltima rodada do Brasileiro e, mesmo após de uma série de fracassos ao longo da temporada, alimentar esperanças no torcedor que lotou o Maracanã e cantou até o fim. O incontestável 3 a 0 aplicado pelo Atlético-MG foi a dolorosa e derradeira dose de realidade para encerrar de vez um sonho que só se justificava por ser sonho, nada mais. Foi a entregada final que se tornou a sina do clube este ano.
A arrancada recente, com cinco jogos invicto, deu a impressão de que a equipe estaria mobilizada para conseguir o único título do ano, mas do outro lado se viu um adversário muito mais disposto e organizado, com jogadores muito mais decisivos. A força e a velocidade de Hulk e Paulinho foram muito mais eficientes do que a soma de Pedro, Arrascaeta, Bruno Henrique, Cebolinha, Gerson. E depois mais Gabigol, Éverton Ribeiro, Luiz Araújo.
Em campo, o Flamengo assistiu ao Atlético-MG jogar nos primeiros minutos, e sentiu muito a ausência do volante Pulgar, suspenso. Com estratégia de se defender e acionar Paulinho, os visitantes conseguiram tocar melhor a bola e ficar mais com ela até a jogada fatal. Com passe perfeito de Hulk, o atacante saiu na cara de Rossi e tocou na diagonal, com contribuição de Matheuzinho e Fabricio Bruno, que não acompanharam a jogada. Thiago Maia, substituto de Pulgar, também assistiu ao lance e fez péssimo jogo, diga-se.
Com a defesa agora mais exposta, Tite arriscou com Everton Ribeiro no lugar de Maia, isolando Gerson na marcação. O volante já estava sobrecarregado, mas passou a sofrer ainda mais com Hulk. Depois, Ribeiro teve um problema no braço, e Luiz Araújo entrou. Cebolinha, melhor opção no jogo, levou pancada no joelho, e também saiu. Gabigol foi o escolhido. Nesse momento, Bruno Henrique atuou por dentro ao lado de Pedro, mas a bola batia na parede da zaga e voltava.
Com Gabigol em campo, o camisa 10 assumiu o papel de meia, controlou a troca de passes, enquanto Arrascaeta tentava atuar como ponta de lança, mais agudo perto da área. Não deu certo. A equipe perdeu ainda mais em organização e entrosamento. O Atlético-MG também fez suas trocas, alternou pontas, e se posicionou de forma estratégica para sair no erro do Flamengo. E foi assim que construiu a vitória como um todo. Nos minutos finais, a bola esticada teve como destino Rubens, que apareceu nas costas da zaga, e recebeu pelo passe de Pavon. Um Flamengo entregue, como esteve em todo o ano de 2023.