Quando a bola rolar para Fluminense e Santos, às 16h30, no Maracanã, o Brasileirão terá início pela 20ª vez no sistema de pontos corridos. O número redondo representa o amadurecimento de uma competição que entra no último ano de sua segunda década refletindo a evolução do futebol nacional — nos defeitos e nas virtudes. A discussão sobre o formato ficou ultrapassada. Ele parece irreversível. E se depara com desafios contemporâneos, como a constituição das primeiras SAFs e a iminente criação da liga de clubes.
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A primeira prova de seu amadurecimento está justamente na solidez do formato, com o respeito às dinâmicas de acesso e descenso. Ficaram para trás as “viradas de mesa” e, depois de fixado em 20, o número de participantes não mais se alterou. A organização no topo da pirâmide gerou um efeito cascata na base, como destaca o presidente da CBF Ednaldo Rodrigues, eleito em março:
Também houve avanços na esfera financeira, especialmente com o boom nos valores oriundos dos direitos de transmissão a partir dos contratos individuais, iniciados em 2012. Em um primeiro momento, privilegiou a força individual de alguns clubes. Mas, desde 2019, um novo modelo tornou esta divisão menos desigual: uma fatia é repartida igualmente; outra, de acordo com o número de jogos exibidos; e a última, segundo a posição na tabela.
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O avançar das temporadas, por outro lado, não foi suficiente para solucionar problemas crônicos, como o calendário conflitante. Ednaldo reconhece o problema e promete um debate com federações, clubes e uma eventual liga. Mas lembra que a solução precisa levar em conta uma parcela significativa de equipes que só jogam Estaduais:
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Nenhum desafio parece mais urgente do que a qualidade dos gramados e da arbitragem, que afetam diretamente as partidas e são alvo de queixas de jogadores e treinadores. Uma das promessas feitas pelo novo presidente da CBF em sua posse foi a de investir em infraestrutura de estádios. Para isso, quer vender as duas aeronaves da entidade (um jatinho e um helicóptero) e usar o dinheiro arrecadado e o da economia anual a ser gerada.
Contudo, a entidade também uma função regulatória, já que os gramados são de responsabillidade dos administradores dos estádios. O Regulamento Geral de Competições ainda é muito genérico em relação ao tema.
Historicamente, a arbitragem talvez seja o setor que menos evoluiu ao longo das últimas 19 edições. Teve o mérito de ter conseguido se desvencilhar do escândalo da “máfia do apito”, que manchou o Brasileiro de 2005. Mas nem mesmo a entrada do VAR evitou a ocorrência de erros graves. Para o ex-árbitro e comentarista da TV Globo Sálvio Spinola, a tecnologia não será suficiente enquanto não houver foco na preparação de quem trabalha no campo.
— O Brasileiro mudou para pontos corridos há 19 anos e continua a mesma coisa: quem forma o árbitro são as federações, não é a CBF. Você tem o árbitro apitando o campeonato estadual, que é fraco, e ele é emprestado para apitar o da CBF, que é forte — opina Spinola, para quem também é preciso que fiquem mais claros os critérios de quando o VAR deve ou não intervir. — O Brasil vai para a quarta temporada com a tecnologia e ainda não chegou a uma definição de critério.
Mudança no apito
Na última quinta, a CBF anunciou Wilson Seneme como novo chefe da Comissão de Arbitragem. Ele deixou a Conmebol para assumir o setor palco da maior crise da última edição do Brasileiro, que resultou na queda do então responsável pela área (Leonardo Gaciba) com o campeonato em andamento.
Seneme fala em investir na capacitação dos árbitros feita pela própria CBF e no fortalecimento de uma filosofia em que o VAR seja utilizado apenas em último caso. O excesso de tempo em que as partidas ficam paralisadas é outro alvo.