Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão quinta, 17 de janeiro de 2019

BRASIL – ARGENTINA, BOM COMEÇO

 

Brasil-Argentina, bom começo

Parece clara a disposição de Jair Bolsonaro de pôr em primeiro plano a parceria com o maior vizinho sul-americano. Falta saber se julga prioritária a relação com o Mercosul

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

17 Janeiro 2019 | 03h00

 

Há um simbolismo e um bom presságio na visita do presidente argentino, Mauricio Macri, a seu colega brasileiro Jair Bolsonaro. Macri foi o primeiro chefe de governo a visitar o presidente do Brasil depois de sua posse. Isso é uma prova, segundo afirmaram os dois em comunicado conjunto, da prioridade atribuída reciprocamente pelos dois países. A frase enfática logo no começo do texto e a repetição da palavra prioridade dois parágrafos adiante chamam a atenção. Não havia dúvida quanto à importância atribuída pelo governo da Argentina à relação com o Brasil. Agora parece clara a disposição do presidente brasileiro de pôr em primeiro plano a parceria com o maior vizinho sul-americano. Falta saber se passou a julgar prioritária a relação com o Mercosul. O tema foi tratado com desprezo e até com palavras duras, numa entrevista antes da posse, pelo então futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.

 Houve manifestações de espanto e de preocupação, nos países vizinhos, depois dessa entrevista. As palavras do futuro ministro seriam menos inquietantes se fossem apenas um deslize diplomático. Mas a declaração indicava muito mais que isso. Era preciso saber, a partir desse momento, como os integrantes da nova equipe entendiam os compromissos internacionais do Brasil, o status do Mercosul (uma união aduaneira) e a importância do bloco regional como plataforma de integração no mercado internacional.

Como integrante de uma união aduaneira, o Brasil só poderia negociar acordos de livre comércio juntamente com os demais sócios do bloco, Argentina, Paraguai e Uruguai. Faltaria essa informação aos membros da nova equipe. O Mercosul ficou de fato emperrado por muito tempo, por causa de enormes erros cometidos pelos governos do PT e dos Kirchners, seus aliados argentinos.

 O caminho sensato seria reavivar a vocação original do bloco, seguindo um projeto esboçado pelos presidentes Michel Temer e Mauricio Macri. Poderia haver enormes avanços internos e externos. O caminho poderia ser diferente, se o novo governo preferisse imitar também na política regional a truculência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, inspirador do presidente Bolsonaro, de seus filhos e do chanceler Ernesto Araújo. Mas seria mais fácil mexer na área de livre comércio formada por Estados Unidos, Canadá e México do que na união aduaneira constituída pelos sócios do Mercosul. Ninguém teria notado esse detalhe?

Talvez o presidente Jair Bolsonaro tenha decidido prosseguir no caminho desenhado por seu antecessor. No fim da declaração conjunta aparece a decisão de trabalhar para “rever a tarifa externa comum, melhorar o acesso a mercados e avançar em facilitação de comércio e convergência regulatória”. O texto ainda menciona a intenção de impulsionar as negociações mais promissoras já em curso e avaliar o início de novas conversações com outros parceiros.

Tudo isso é promissor: o comunicado conjunto oficializa o compromisso de aperfeiçoar o Mercosul e ao mesmo tempo avançar em novas negociações, obviamente sem as limitações terceiro-mundistas da fase do PT e dos Kirchners. Mas qualquer aposta segura nessa atitude menos trumpiana ainda vai depender de novas manifestações da diplomacia econômica do governo Bolsonaro. Não há como esquecer facilmente nem a profissão de fé trumpista do chanceler Ernesto Araújo nem a foto de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, com o boné de campanha de Donald Trump.

A maior parte da declaração conjunta propõe a atuação bilateral em diferentes áreas “com maior potencial”, como segurança interna e regional, articulação jurídica, combate ao crime transnacional e à corrupção e cooperação nas áreas de defesa, tecnologia e infraestrutura, entre outras.

Pode ser o começo de uma diplomacia mais civilizada e realista do que aquela desenhada nas primeiras declarações sobre política externa. Diante disso, parece pouco significativo, agora, o risco de um projeto de construção de algum muro de milhares de quilômetros nas fronteiras. Seria um desastre para as finanças públicas.


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